Proprietária recebe 1º certificado de granja no país para criação no modo semi-intensivo do Porco Moura

Proprietária recebe 1º certificado de granja no país para criação no modo semi-intensivo do Porco Moura

Publicado em: 16 set, 2022 às 9:03

Yessica Kliewer é proprietária da  1ª granja no país a receber o certificado com a criação no modo semi-intensivo da Raça Moura, instalada em Palmeira, na Colônia Witmarsum. A proprietária  e o Médico Veterinário da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) Rafael Souza Bernabé, comentaram sobre o investimento, comercialização e certificação da raça através dessa propriedade.

Yessica iniciou explicando que sua mãe começou a produzir porcos em 1999 no sistema de integração, segundo ela, já chegaram a ter um plantel de 700 matrizes entregando os leitões para grandes companhias. “E no ano passado decidimos que não queríamos mais produzir nesse sistema 100% confinado, intensivo, então pedimos para sair da integração e surgiu o porco moura que é uma raça mais rústica, ele normalmente é criado solto,  não é confinado ou 100% confinado daí chegamos nessa questão de tentar criar o porco moura, adaptar a nossa estrutura. A ideia inicial era ter algumas matrizes para produção própria num sistema semi-confinado, aproveitando a estrutura que a gente já tinha pronta, e soltando eles eventualmente para pasteio, e daí  conversando com o  Rafael e com a Adapar, a gente viu que a gente tinha essa oportunidade com a estrutura pronta de tentar ser uma granja certificada para genética e a gente foi atrás dessa certificação. O porco moura é uma raça nativa antiga, esteve ameaçado de extinção alguns anos atrás, e essa parte genética da raça é pouco trabalhada e nós vimos ali uma oportunidade de tentar melhorar essa raça, unindo o que a gente já tinha de estrutura ao trabalho do pessoal da Adapar”, explicou.

A proprietária contou também sobre o dia a dia da raça Moura e todo o trabalho na propriedade. “Antes  os animais ficavam 100% confinados e recebiam sua ração, agora a gente deixa eles durante o dia soltos no pasto, comendo verde, eles comem frutas, legumes, verduras, tem uma alimentação mais alternativa, estão correndo, estão caminhando e a noite eles voltam  para a estrutura fechada. A alimentação mais alternativa  para nós é um desafio, porque antes era só ração, então agora mudou, gente já está mais adaptado,  mas é muito mais gratificante trabalhar com eles, ver eles ali soltos, comendo, correndo, hoje a gente pode dizer que há um bem-estar animal ali”, exemplificou.

Segundo ela, a propriedade faz o ciclo completo desses animais, desde o nascimento até a ida ao frigorífico. “Fazemos o ciclo completo, eles nascem, crescem até chegar na idade, no peso, para ir para o frigorífico e lá é feito o abate e desossa e os cortes vêm congelados, embalados a vácuo, então a gente faz todo o processo, desde o animal até o produto final, que é a carne que nós também comercializamos. É um orgulho, uma honra e uma responsabilidade muito grande, a gente teve todo esse trabalho na parte sanitária a gente teve todas as exigências de biosseguridade também  exigidas pelo mapa, além da parte das doenças, e tudo ainda é muito novo para nós, mas é muito bom saber que a gente pode vender genética moura  que é uma raça antiga, mas nova no mercado e está crescendo cada vez mais, tem cada vez mais procura e a gente pode vender para o Brasil todo”, destacou Yessica.

Rafael explicou sobre o processo para receber a certificação, segundo ele foi um trabalho desafiador. “Yessica tinha os animais da raça mas não tinha um histórico sanitário desses animais, quando a gente vai se iniciar uma GRSC, existem duas opções, uma de você iniciar com suínos já de origem GRSC, que aí você só faz um exame no prazo de 30 e 60 dias após a estrutura estar adequada. Então eu digo desafiador, porque são animais que estavam ali sem as origens, sem o conhecimento sanitário então foi feito dois exames para aquelas doenças, e aí você pode ser livre ou controlada de leptospirose com o controle através de vacina. Dessas doenças, os dois exames que foram feitos deram negativos para que houvesse a conquista do certificado”, disse.

O termo GRSC significa Granjas de Reprodutores Suídeos Certificadas,  nada mais é que uma granja que atende integralmente às disposições básicas e específicas estabelecidas para a certificação. As granjas terão sua certificação baseada no monitoramento sorológico e na sua classificação sanitária previstos na legislação, que inclui fatores relacionados à biosseguridade e à sanidade dos rebanhos. Portanto a GRSC é obrigatória para poder fazer a multiplicação genética de um animal. “Então você tem que dar segurança para quem está comprando essa genética que os animais tenham uma origem, tenham um controle sanitário, para você comercializar animais geneticamente da raça moura ou de outras raças, não é só um certificado qualquer, você está dando uma garantia. Para conquistar a GRSC você deve fazer algumas mudanças na estrutura da granja, mudar cercas, ter banheiro,  quem entra na granja tem que tomar banho obrigatoriamente, tem todo um controle de entrada e saída de pessoas com assinaturas de quem entrou, e por questão de ser animais criados semi intensivamente ou criados soltos você deve fazer cercas duplas evitar  animais silvestres. Para mim essa experiência foi muito desafiadora mas muito gratificante, o Município ganha com isso também”, comentou Rafael.

 

Texto: Andrea Borges
Foto: Elder Scolimoski