Voluntário de Palmeira relata cenário de resgates às vítimas das enchentes no RS

Voluntário de Palmeira relata cenário de resgates às vítimas das enchentes no RS

Publicado em: 9 maio, 2024 às 18:38

Na quinta-feira (09), a Ipiranga FM, teve a oportunidade de conversar com Jonas Dalcomuni, proprietário da Camp Pneus, em Palmeira e Campo Largo, e voluntário atuante nas áreas afetadas pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul. Jonas compartilhou sua experiência e trouxe à tona a realidade enfrentada pelos moradores da região.

Sobre a situação atual, Jonas descreveu o cenário como ainda mais grave do que aparenta nas redes sociais e na televisão. Ele relatou os desafios enfrentados durante os resgates, destacando a resistência de algumas pessoas em deixar suas casas mesmo diante das condições precárias nos abrigos. “A situação é realmente mais grave do que parece nas redes sociais e na televisão. É como estar em um cenário de guerra, é indescritível. Às vezes, falta até mesmo palavras para expressar e transmitir adequadamente a gravidade do cenário. Ontem, dia 08 de maio, estávamos envolvidos em operações de resgate, lidando com pessoas que se recusavam a deixar seus apartamentos ou casas de segundo andar. Elas permaneceram em suas residências porque os abrigos estavam lotados. No entanto, estão enfrentando falta de energia elétrica, água potável e comida escassa. Apesar de uma pequena diminuição no nível das águas, cerca de 25 centímetros, isso ainda é insuficiente. As pessoas estão sendo forçadas a sair de suas casas, pois não têm escolha”, descreveu Jonas.

Quanto às condições dos abrigos, Jonas destacou a lotação e os desafios enfrentados, incluindo questões de segurança e saúde mental dos desabrigados. “Muitas pessoas estão alojadas nesses locais, enfrentando não apenas a falta de bens materiais, mas também problemas emocionais e de comportamento. Há relatos de dependentes químicos sem acesso às drogas, o que tem desencadeado surtos, e até mesmo também tivemos casos de abuso sexual. Os abrigos, incluindo escolas, igrejas e ginásios, estão lotados, e as autoridades enfrentam dificuldades para organizar a situação devido à escassez de recursos e à sobrecarga do pessoal público, muitos dos quais também foram afetados pelas enchentes “, explicou.

Sobre as necessidades mais urgentes, o voluntário ressaltou a escassez de água potável, comida, roupas e colchões, além da falta de produtos de limpeza pesada. Ele enfatizou a importância de doações bem embaladas e mencionou a necessidade de fraldas, principalmente nos tamanhos P, M, G e GG e geriátricas.

A segurança na região também foi abordada, com Jonas relatando casos de assaltos e saques em casas abandonadas, inclusive assaltos contra voluntários que estão auxiliando nos resgates.  “A sensação de insegurança é forte entre os voluntários, inclusive foram cedidos coletes balísticos para nos proteger durante as operações de resgate. Essa situação gera preocupação e dificulta ainda mais o trabalho de ajuda às vítimas das enchentes”, destacou o voluntário.

Sobre o trabalho voluntário e a continuidade do apoio às vítimas, Jonas destacou a importância de uma atuação coordenada e mencionou a previsão de fazer um troca de turno com outros voluntários nesse fim de semana. Ele ressaltou a necessidade de apoio contínuo, especialmente durante o processo de reconstrução após as enchentes. “Estamos aqui em oração, oferecendo nosso apoio e solidariedade a todos os afetados. Nossa equipe permanecerá até sábado, quando outra equipe assumirá. Este é um esforço coordenado com voluntários de diversas regiões, como Campo Largo e Curitiba. Estamos cientes de que as águas devem levar cerca de 20 dias para baixar, e estaremos aqui para auxiliar durante esse período crítico e também na fase de reconstrução”, disse o empresário.

Ao final da entrevista, Jonas agradeceu pela oportunidade de compartilhar informações e se comprometeu a manter a comunicação para atualizações futuras, reiterando a importância das doações e de apoio para a reconstrução da região no futuro. “As doações são essenciais não apenas no momento presente, mas também nos próximos meses, pois a reconstrução será demorada e cara. Estamos comprometidos em continuar esse trabalho, seja pessoalmente ou promovendo ajuda através das redes sociais. Se você deseja se voluntariar, entre em contato conosco para obter mais informações sobre como ajudar”, finalizou.

A Ipiranga FM reitera seu compromisso de continuar acompanhando de perto a situação no Rio Grande do Sul e fornecer atualizações relevantes aos ouvintes.

Ouça mais detalhes da entrevista

 

Texto: Andrea Borges

Fotos enviadas pelo entrevistado