Uma homenagem ao Corpo de Bombeiros através da vivência da soldado Natasha

Uma homenagem ao Corpo de Bombeiros através da vivência da soldado Natasha

Publicado em: 21 jun, 2020 às 10:20

Jornalismo é sobre informar. Mas é mais do que isso. É sobre histórias, sobre pessoas e também visibilidade. Sobre colocar em destaque o papel de tantos heróis da sociedade, como por exemplo, do Corpo de Bombeiros.
A soldado Natasha Kataoka Maild faz parte da Corporação de Palmeira. Ela prestou concurso em 2013 e ingressou em 2016. “Nós adentramos fazendo o curso de formação de soldado. Como eu já trabalhava na área da parte física, eu não tive tanta dificuldade, então não tive uma preparação bem específica para isso no caso”, contou.
Sobre a realização do concurso, Natasha lembra que sua formação em Educação Física contribuiu para a preparação. “Para os conhecimentos específicos é nível médio, então nunca fiz um cursinho, uma preparação para isso. E na parte física, alguns exercícios têm que ter um treinamento porque não é do dia para noite que você vai acabar executando. Mas também não foi nada muito difícil porque naquele momento eu estava bem fisicamente”, explicou a soldado.
Ao falar sobre motivos que a fizeram mudar de profissão, a bombeira citou a admiração, estabilidade do funcionalismo público e sua motivação por desafios. “Adentrar nesta Corporação primeiro existe uma admiração. Unânime assim, todo mundo tem uma admiração a esta Corporação, pelo princípio que é a profissão. Mas lógico que a estabilidade do funcionalismo público é um chamariz, não vou dizer que não. Ter certas garantias, algumas coisas são ilusões, mas essa garantia em específico chama a atenção. Além do desafio; sou uma pessoa motivada por desafios”, contou a soldado.
Natasha explicou que atualmente está afastada do trabalho como medida de prevenção ao novo coronavírus. “Eu tenho um bebê e como sou lactante, estou afastada da Corporação já faz quase dois meses por causa da pandemia da Covid-19”, explicou.
Ao falar sobre a relação entre o trabalho e a maternidade, Natasha contou que sua mudança para Palmeira ocorreu por causa da amamentação. “Eu presto serviço em Palmeira há pouco mais de um ano por causa da amamentação. Acabou minha licença maternidade, eu tive a oportunidade de vir trabalhar aqui para poder continuar com a amamentação para ele. Isso é um benefício que poucas pessoas possuem.  Conquistei o direito, porque na verdade meu local de trabalho não é Palmeira, eu devo tirar serviço em Campo Largo. Mas posterior a isso, eu consegui vir para Palmeira. Então continuo amamentando até hoje, meu filho tem quase dois anos e ele já tem uma demanda de amamentação bem prolongada, que é possível porque a Corporação me permite. Até meu filho ter dois anos eu posso estar trabalhando aqui”, relatou a soldado.
Durante a gestação a rotina dela era ir diariamente para Campo Largo. “Mas foi tranquilo. Tive uma ótima gestação, tive muito suporte e subsídio para isso, deu tudo certo. Antes de eu vir para Palmeira eu trabalhava no operacional, então era aquela escala de 24X48, ficar ‘aquartelada’ no Quartel, fazer a manutenção do Quartel, ficar em serviço de prontidão, em uma necessidade se surgisse algum tipo de sinistro estar lá para aquilo, fazer manutenção de materiais, porque na necessidade temos que estar com tudo funcionando perfeitamente”, relatou.
A rotina da Corporação na preparação de ocorrências foi citada por ela. Além do treinamento dos(as) bombeiros(as), existe a manutenção e testes das viaturas e ferramentas. “Diariamente saímos com as viaturas, muitas vezes podem nos ver manuseando as ferramentas ali nas Praça do Cemitério. São máquinas né? Hoje ela está funcionando perfeitamente e amanhã pode ser que não esteja. Temos que estar vendo a qualidade destes materiais porque na hora de uma necessidade ele tem que estar ótimo”, elucidou a bombeira.
Ao falar sobre ocorrências que mais marcaram, a soldado acaba ensinando sobre empatia e mais uma vez, ainda que sem querer, explica sobre o papel do Corpo de Bombeiros. “Todas aquelas que percebe que tem risco iminente a vida ou óbito mesmo, elas marcam bastante, principalmente as ocorrências em rodovias. Por exemplo, logo no meu começo, pegar um engavetamento na saída de Curitiba, com oito veículos envolvidos, vários óbitos, uma ocorrência bem desgastante, várias pessoas envolvidas, então isso marca bastante. Saber que a pessoa saiu de casa, estava simplesmente indo para algum lugar e não vai chegar mais. E é uma rodovia que nós passamos constantemente. Nós não somos máquinas, um pouco você acaba trazendo. E na hora temos que agir e executar, mas depois principalmente no Noticiário que você acompanha quem era, você acaba lembrando e traz uma certa tristeza, não vou dizer que não”, relata a soldado.
Estar sempre pronto e apto para ajudar o próximo. Esta é a maior admiração que Natasha tem pela carreira que escolheu. “Nós lidamos com pessoas. Então quando você lida com pessoas, tem que ter um diferencial, seja como for. Seja no atendimento para quem vai ao Quartel e precisa de algum tipo de documento, ou em uma ocorrência; a pessoa está em risco, está em uma necessidade. Então é isso que admiro na profissão: Essa prontidão, esse treinamento que temos para salvar vidas e ajudar alguém”, contou a profissional.

Texto: Bruna Camargo
Fotos: Arquivo Pessoal