Técnica e Chefe da Secretaria do crime de Palmeira falam sobre os tipos de violência contra a mulher

Técnica e Chefe da Secretaria do crime de Palmeira falam sobre os tipos de violência contra a mulher

Publicado em: 14 jul, 2021 às 16:12

Nessa semana vem repercutindo nas redes sociais e na mídia, o caso de agressão acometido pelo músico, DJ Ivis, do Ceará, contra sua esposa. As imagens divulgadas pela vítima mostram agressões que aconteceram no dia 1º de julho. O caso segue sendo investigado pela Policia.

Para conversar a respeito de assuntos relacionados à violência contra mulher, estiveram conosco a técnica Judiciária, Keila Kovalski, e Neli Mari Calari Correia, chefe da Secretaria do Crime do Juízo Único de Palmeira-PR. Visto que um levantamento feito pelo Datafolha, aponta que na pandemia, uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos sofreu algum tipo de violência nesse último ano no Brasil, durante a entrevista foram abordados os seguintes assuntos.

Tipos de violência:

Segundo o Art 7º são formas de violência contra mulher:

Física: Vias de fato, lesões, homicídio;

Psicológica: Cometida através de ameaças;

Moral: Como injúria, difamação;

Sexual: Referindo-se a casos de estupro;

Patrimonial: Incêndio, danos, furto, roubo.

Como identificar a violência?

Keila e Neli explicaram que um indício que aponta caso de violência contra mulher, é o isolamento feito pelo homem como forma de enfraquecer a vítima e suas redes de apoio. “A ausência de comunicação deve ser um alerta as pessoas que vivem em torno da mulher que vive a violência. A vítima tende a ficar mais calada e distante no auge das agressões e esse deve ser um padrão a ser observado por familiares, amigas e vizinhas, para conseguir intervir na violência de gênero que vê no silêncio e isolamento social seus maiores aliados”, disseram.

Muitas mulheres ainda têm dificuldade em perceber que sofrem algum tipo de violência, e quando percebem, têm medo de denunciar. Por que essa situação acontece?

De acordo com Keila os casos geralmente se iniciam, com violência moral e psicológica até virarem agressões físicas ou em casos piores, resultam em feminicídio. “A violência psicológica é de difícil identificação no inicio, porque o agressor inverte os papéis e faz a vítima acreditar que a culpa é dela. Geralmente consiste em o agressor negar a verdade, o que faz a vítima se questionar sobre suas próprias convicções”, apontou.

Segundo ela, o agressor também usa de coisas preciosas para depreciar a mulher, como por exemplo: Os filhos, família, suas inseguranças. “Ele manipula e usa mentiras para afastar a vítima de todos, dizendo que os outros não são boas companhias, por exemplo, para assim isola-la”. Além de manter um ciclo no qual constantemente fala coisas ruins para a vítima, mas logo a elogia para mantê-la sobre o domínio dele, mantendo-a vulnerável a novos ataques”, disse.

Quais são os direitos que as vítimas têm em casos de violência em Palmeira?

De acordo com Keila e Neli, em nosso Município o CREAS tem uma rede de proteção à mulher que presta todo o atendimento sócio assistencial, desde a preparação e encaminhamento para elaboração de B.O e requerimento de Medida Protetiva. “Trata-se de atendimento multidisciplinar que visa à superação de violência e planejamento familiar com oficinas, grupos de apoio, ajuda no encaminhamento para mercado de trabalho, acompanhamento psicológico e de saúde se necessário”, apontaram.

Já o atendimento feito pela Polícia, é realizado de forma especializada e ininterrupta  prestada por servidores preferencialmente do sexo feminino, previamente capacitadas”, esclareceram.

O que pode ser feito para evitar que os casos continuem aumentando?

A violência de gênero ainda é naturalizada na sociedade, no sentido em que se defende o homem e atribui-se a culpa a vítima e o poder masculino são fortalecidos dentro das relações domésticas, por razões sociais e históricas, por isso é de difícil prevenção. “Primeiramente precisamos combater essas diferenças. Além disso, transmitir informações de qualidade destinada a desmascarar esta naturalidade, é uma atitude que as cidadãs e os cidadãos podem fazer para mudar esta realidade desde a comunidade”, disseram.

A intervenção e denúncia são importantes

Situações como as presenciadas no caso do DJ Ivis, devem ter interferência e ser denunciadas. “A comunidade se torna cúmplice quando não faz nada. A interferência não precisa ser ativa e direta. Não feche a cortina, não vire as costas, não pense que é normal uma mulher estar isolada e sozinha num convívio violento”, apontou Keila.

Ao presenciar um caso de violência contra mulher, chame a Polícia através do 180, pode ser denunciado anonimamente.

Utilize com consciência as redes sociais

Uma boa atitude segundo Keila e Neli, é não compartilhar material que reforce os estereótipos, que autorizem a violência contra as mulheres. “Não consumir conteúdo como pornografia infantil e não compartilhar memes sexistas, racistas em suas redes sociais é um dos caminhos para mudar a mentalidade social”, finalizaram.

 Confira a entrevista completa.

 

Se estiver precisando de ajuda ligue no número 180, ou na rede de assistência violência doméstica, CREAS, 3909-5013 (Whatsapp).