Passo do Tio Paulo realiza a 22ª Festa da Tradição Polonesa no domingo 1º de setembro
A tradicional Festa da Tradição Polonesa em louvor a São Miguel, realizada anualmente na localidade de Passo do Tio Paulo, acontece neste domingo 1º de setembro.
A celebração começa com o tríduo preparatório, em louvor aos Arcanjos, que acontecerá nos dias que antecedem a festa, sempre às 19h30, com a participação das comunidades do Ranchinho, Faxinal do Silva e Faxinal dos Quartins.
No dia da festa, a programação se inicia logo ao amanhecer, às 6h, com a tradicional Alvorada. Às 10h, será celebrada a Santa Missa, que incluirá a bênção das sementes. Após a celebração religiosa, os visitantes poderão saborear o almoço típico, marcado para as 11h30. O cardápio inclui churrasco, leitão e frango, além de acompanhamentos como pierogue, saladas, maionese, arroz, farofa e o tradicional buffet, e cerveja caseira.
A partir das 13h30, a festa continua com um animado bingo, leilão e um torneio de truco. Já às 14h, os participantes poderão aproveitar uma tarde dançante, com muita música e brincadeiras típicas da cultura polonesa.
História da comunidade
A Comunidade Passo do Tio Paulo, tem uma história rica e diversificada que remonta ao final do século XIX. Com suas raízes profundas, essa comunidade uniu uma variedade de etnias sob a mesma fé ao longo dos anos.
De acordo com o registro histórico da historiadora Vera Lúcia Mayer, a região viu a chegada de imigrantes poloneses e austríacos por volta de 1894. Esses corajosos pioneiros se estabeleceram no que era então chamado de Pinheiral de Cima, hoje conhecido como Passo do Tio Paulo.
O relato de Vera descreve que, até 1953, o local era denominado Pinheiral de Cima e abrigava uma comunidade afrodescendente, possivelmente uma comunidade quilombola, conhecida como os “Marcelinos.” Eles carregavam sobrenomes como Oliveira, Ribas, Barbosa, Soares, entre outros. Entre os notáveis habitantes dessa vila estavam figuras como o Sr. Benedito Ribas, conhecido como curador de picadas de cobra, o Sr. João Belino, Albino Bicho, Pedro Bicho, Sr. Fidelis, Joaquim Gaiteiro e Alexandre Padre. Destaca-se também a famosa Cecília Farinheira, conhecida por sua habilidade na produção de farinha biju e canjica. O biju era uma massa triturada no pilão, espalhada sobre uma chapa quente e moldada com a cabeça de uma espiga de milho até atingir o ponto ideal. Os habitantes da vila não professavam a fé católica inicialmente, mas ao longo do tempo, essa fé foi assimilada devido à harmonia estabelecida com os imigrantes europeus.
Vera ressalta que, entre as famílias polonesas e austríacas que chegaram à região, destacam-se os Mazur, Mroginski, Covalski, Chempciki, Rebinski, Ponijava, Levandoski, Viatroski, Slusarz, Derenda, Viutc, Rogalski, Szarowicz e Bonk. Assim como muitos que se estabeleceram no município, esses imigrantes dedicaram-se à agricultura e pecuária, além de praticarem fielmente a fé católica.
Devido às grandes distâncias para a educação e a oração, não demorou muito para que a comunidade se unisse para construir uma escola e uma igreja. A escola atendia a toda a vizinhança e proporcionava alfabetização em polonês e português, juntamente com uma sólida catequese. Por volta dos anos 1930, escola e igreja se tornaram o epicentro da comunidade, em um terreno doado generosamente por João Mroginski.
A escolha dos padroeiros foi um momento significativo, e São Miguel Arcanjo, patrono das boas sementes e da boa colheita, foi escolhido, de acordo com a invocação polonesa. Além disso, Nossa Senhora das Velas também foi venerada na comunidade. O altar da igreja ostenta, até os dias de hoje, um quadro de Nossa Senhora de Czetochowa, padroeira da Polônia, que os poloneses também reverenciam. Esse quadro foi trazido da Polônia pela família Ponijava, hoje Ponijaleski, e gentilmente doado à igreja por Maria Ponijava Rogalski.
Texto com informações de Vera Lúcia Mayer
Foto: João Borges Júnior/Arquivo PASCOM