Passo do Tio Paulo celebra 20ª Festa da Tradição Polonesa em Louvor a São Miguel

Passo do Tio Paulo celebra 20ª Festa da Tradição Polonesa em Louvor a São Miguel

Publicado em: 3 set, 2022 às 10:46

Neste domingo (04), a comunidade de Passo do Tio Paulo realiza a 20ª Festa da Tradição Polonesa. A programação da festividade começou na última quarta-feira (31), com tríduo preparatório em louvor a São Gabriel. No domingo, dia da festa em louvor a São Miguel, as atividades iniciam às 6h com alvorada festiva, 8h30 haverá Saída Trilha entre Amigos com apoio Trilhas Stafin , 10h missa com bênção de sementes, 11h30 almoço com buffet, além de churrasco, leitão, porções de pirogui, saladas, maionese, arroz e cerveja caseira.
A partir das 13h30 a programação da tarde festiva inicia com bingo, leilão e posteriormente, tarde dançante, além de barraquinhas de doces, tortas, bolo, cuques, sonhos, pastéis , cervejas, refrigerantes e jogos diversos. Outra atração do domingo (04) será a corrida da tora e taczki, com início às 15h. A animação musical será com Bela Vista.

História da comunidade
De acordo com histórico de Vera Lúcia Mayer, a Comunidade Passo do Tio Paulo une diversidade de etnias em uma só fé. “Por volta de 1894, a região recebeu imigrantes poloneses e austríacos que se alocaram no local denominado Pinheiral de Cima, hoje Passo do Tio Paulo”, cita Vera.
A historiadora explica em seu documento, que Passo do Tio Paulo até os anos de 1953 era denominado como Pinheiral de Cima. “Ali vivia uma comunidade de afrodescendentes, possivelmente uma comunidade quilombola. Eram conhecidos como os “Marcelinos,” tinham por sobrenomes: Oliveira, Ribas, Barbosa, Soares entre outros. Nessa vila moravam figuras como o Sr. Benedito Ribas, conhecido como curador de picadas de cobra, o Sr. João Belino, o Albino Bicho, Pedro Bicho, Sr. Fidelis, o Joaquim Gaiteiro e Alexandre Padre. Além da famosa Cecília Farinheira, que fazia farinha biju e canjica. Seu biju era uma massa moída no pilão, despejada sobre uma chapa quente e espalhada com a cabeça de uma espiga de milho, que era enrolada ao chegar ao ponto. Os moradores da vila não professavam a fé católica, que foi assimilada no decorrer do tempo em virtude da harmonia estabelecida com os europeus”, mostra o documento.
Vera destaca que das famílias polonesas e austríacas que chegaram na localidade pode-se nominar os Mazur, Mroginski, Covalski, Chempciki, Rebinski, Ponijava, Levandoski, Viatroski, Slusarz, Derenda, Viutc, Rogalski, Szarowicz e Bonk. “Como tantos que chegaram ao município, esses imigrantes dedicaram-se a agricultura e pecuária, e professavam fielmente a fé católica. Dada as grandes distâncias para mandar os filhos estudar, bem como para rezar, não demorou muito tempo para que se articulassem e construíssem uma escola e uma igreja. A escola servia a redondeza, tanto que personagens como Baptista e Eloi Cherobim, que moravam em Pinheiral dos Malucelli, ali se alfabetizaram. As aulas eram em Polonês e Português, além de uma boa catequese. Por volta dos anos de 1930, escola e igreja congregavam a comunidade em terreno doado pelo Senhor João Mroginski”, apontou a historiadora.
Como padroeiro escolheu-se São Miguel Arcanjo, patrono das boas sementes e da boa colheita, segundo a invocação dos poloneses, e ainda Nossa Senhora das Velas. “Além desses padroeiros, adorna o altar até hoje um quadro de Nossa Senhora de Czetochowa, padroeira da Polônia, a quem os poloneses também têm muita devoção, trazido da polônia pela família Ponijava (hoje Ponijaleski) e doada para a Igreja pela senhora Maria Ponijava Rogalski”, explicou Vera.

 

Texto: Andrea Borges com informações de Vera Lúcia Mayer
Foto: João Borges Júnior/Arquivo PASCOM