No dia da imprensa, jornalista destaca a importância do trabalho para a sociedade na visão de um “Quarto Poder”

No dia da imprensa, jornalista destaca a importância do trabalho para a sociedade na visão de um “Quarto Poder”

Publicado em: 1 jun, 2022 às 8:54

Neste dia 1º de junho é comemorado o Dia da Imprensa. No Brasil, até o ano de 1999 o Dia da Imprensa era celebrado em 10 de setembro, por ser a data da primeira circulação do jornal Gazeta do Rio de Janeiro, em 1808, periódico da Corte. A partir desta data, a comemoração passou a ser celebrada no dia 1º de junho porque foi a data em que começou a circular o jornal Correio Braziliense, fundado por Hipólito José da Costa.
Este periódico iniciou suas publicações em 1808, mas era um jornal clandestino e começou a circular cerca de três meses antes. O poder de influência da imprensa é tão grande que muitos lhe chamam de “Quarto Poder” em alusão aos três poderes políticos: Judiciário, Legislativo e Executivo.
Sobre esta temática, o jornalista Rafael Kondlatsch, afirma a força que a imprensa tem perante a sociedade e destaca a sua importância para a democracia. “Então essa ideia da imprensa, enquanto um quarto poder, o poder moderador, ela muitas vezes acaba sendo vista de forma um pouco equivocada, mas a gente sempre tem que olhar para a origem histórica das coisas, então, quando a gente fala em 3 poderes, eles vêm de uma ideia feudal mesmo, de organização da própria sociedade. Então a gente tinha o clero representando o primeiro poder, o segundo poder que era nobreza, e o terceiro poder que eram os comuns, que era o povo, a casa que defenderia aos interesses do povo. E isso depois com o avanço, com o fim do fim do feudalismo, com o avanço da sociedade para uma sociedade capitalista e mercantil, como a gente vai ter nos dias de hoje, então esse avanço de alguns séculos a gente vai ter dentro da democracia,  o estabelecimento de 3 poderes, é a ideia que o Montesquieu falava sobre equilíbrio, são 3 poderes e que cada poder tenha a capacidade de frear os demais. Então, vai ter o poder executivo, o legislativo e o judiciário, que eles vão ser poderes independentes e que conseguem se inter-relacionar de forma harmônica, evitando que um sobreponha o outro, então essa é a base  da democracia, e o jornalismo ele vai ter essa ideia de quarto poder, a gente vai começar a pensar dessa forma, porque ele acaba sendo um poder que está por fora desses 3, ele fica como um poder que está olhando para eles e denunciando ou expondo quando um poder sobrepõe ou quando um poder acaba fazendo o que não deve”, disse Rafael.
O jornalista usou como exemplo o recente escândalo relacionado a pagamento de cachês de cantores sertanejos no Brasil. “Não vou entrar no mérito da questão, mas, por exemplo, como que a sociedade fica sabendo disso se não por meio da imprensa? Então você tem cidades que estão gastando mais dinheiro com um show de um músico, do que gasta o ano inteiro com educação, e isso acaba representando um problema muito grave. Então a imprensa, ela acaba surgindo nesse contexto, como uma defensora dos interesses da sociedade, como alguém que está aí para denunciar os abusos que são cometidos pelos outros poderes, seja pelo judiciário, seja pelo legislativo ou pelo executivo. Por isso que ela acaba sendo vista aí como um quarto poder, como uma ideia de um poder moderador, que também não é a forma mais correta de chamar, porque se a gente olhar para o poder moderador, ele cai no Brasil já no século 19, a gente para de ter essa figura, essa ideia que era imaginada lá pelo Benjamin Constant, que acaba servindo de base para uma Constituição antiga do País, mas a gente já não tem mais essa ideia de um poder que modere os outros poderes, porque na verdade eles mesmos acabam fazendo esse papel ali nessa tríade que a gente fala dos 3 poderes. Então a gente pode olhar para o jornalismo como um pilar da democracia, que é sempre bom olhar para ele como algo que é inerente à democracia. Só existe democracia se existe imprensa livre e só existe imprensa livre se existir a democracia. Então a gente tem aí uma relação direta mesmo que é necessária para a nossa sociedade”, explicou o jornalista.

Texto: Andrea Borges e Elder Scolimoski
Foto enviada pelo entrevistado