Maio Laranja: Psicóloga fala sobre o papel da sociedade no combate ao abuso e a exploração sexual

Maio Laranja: Psicóloga fala sobre o papel da sociedade no combate ao abuso e a exploração sexual

Publicado em: 9 maio, 2023 às 9:52

Anualmente, ao longo do mês de maio, organizações sociais e o governo buscam mobilizar a sociedade sobre como prevenir e denunciar o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes.

A cada hora 3 crianças são abusadas no Brasil. Cerca de 51% tem entre 1 a 5 anos de idade. Todos os anos 500 mil crianças e adolescentes são explorados sexualmente no nosso país e há dados que sugerem que somente 7,5% dos dados cheguem a ser denunciados às autoridades, ou seja, estes números na verdade são muito maiores.

Em entrevista ao Noticiário P7, a psicóloga, Maria Conceição Pliskeviski Gonçalves, do Fórum Estadual de Palmeira, comentou sobre os sinais que crianças e adolescentes podem apresentar quando sofrem algum tipo de abuso, essas mudanças incluem: falta sono, medo excessivo, enurese e encoprese que é o esvaziamento desapropriado e involuntário da urina pela criança (…). “Devemos estar atentos tanto a crianças quanto adolescentes aos sinais físicos, hematomas, doenças sexualmente transmissíveis, a gravidez na adolescência, sinais psicológicos de ordem comportamental, aquela criança que sai do padrão dela de comportamento ou quando muda subitamente”, comentou a psicóloga.

De certa maneira, os pais, responsáveis, escola e sociedade em geral, tem um papel bastante importante em reconhecer essas mudanças para que se possa buscar apoio, destacou a profissional. “Todos os profissionais, os servidores da escola com certeza, são capacitados para que fiquem atentos a isso, mas até eu costumo sempre falar que às vezes, a criança, desenvolve um vínculo com a tia do lanche, com a tia dos serviços gerais, e de repente, ela acaba mostrando um comportamento diferenciado que essa pessoa, esse funcionário, vai estar observando até ela verbalizar alguma coisa, isso é muito importante para que se acione a pedagoga da escola, a diretora, que por sua vez vai acionar o conselho tutelar para que essa situação seja  verificada”, disse Maria.

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 63,16 % dos casos de abuso acontecem dentro da casa da vítima, 24,8% em local público.”Isso mostra que a família que deveria cuidar da criança, tem sido a maior agressora, os estudos indicam que a maior parte das agressões, dos casos registrados vem de dentro da própria família, infelizmente”, explicou.

Maria Conceição Pliskeviski Gonçalves, explicou que o acolhimento das crianças e adolescentes no Município passa primeiramente pelo Conselho Tutelar. “Geralmente a criança é encaminhada pela escola quando é reconhecido algum indício de que está acontecendo um abuso sexual, ou quando parte dela contar para a escola. Posteriormente é acionado o conselho tutelar para que essa criança possa ser ouvida da melhor forma possível e depois é mandado um relatório para o Ministério Público”, disse Maria Conceição.

A profissional reitera a importância da atenção dos pais ao que as crianças acessam nos celulares, como também a disciplina e limites no âmbito familiar. “A questão dos limites é tão importante, eu sempre falo que as crianças devem ter disciplina, assim como nós, para gente ter uma saúde física e mental, nós temos que ter o nosso horário de acordar o nosso horário de dormir, e a criança, ela tem que ter limites, onde há limite há amor, eu acredito que a gente deve voltar sim a esse formato da educação mais tradicional (…)”, comentou.

Muito importante também é a denúncia, disse a psicóloga, “A gente não tem que se calar, porque a partir do momento que a gente se cala, que a gente não denuncia, a gente está sendo cúmplice. De repente uma criança que foi abusada sexualmente, se isso não for denunciado, o que que vai acontecer? esse pedófilo, ele vai abusar de mais crianças ou adolescentes, então, quanto antes a gente parar essa ação, a gente vai estar prevenindo novos casos”, finalizou. 

Como denunciar

Casos de violência contra crianças e adolescentes podem ser denunciados pelo Disque 100. Além disso, também é possível fazer denúncias pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil e pelo WhatsApp 61-99656-5008

Texto: Andrea Borges com informações de Maio Laranja

Foto: Canva