Igreja Matriz restaurada é entregue à comunidade
Como anunciado, a Igreja Matriz foi reaberta às 7h desta quinta-feira (29). Paroquianos se reuniram para oração das Laudes (oração da manhã), na presença do pároco padre Joaquim Naves, dos vigários paroquiais padres Adriano e Lineu, do seminarista André e das Irmãs da Sagrada Família e Vicentinas.
Como lembrado pelo padre Joaquim Naves, durante a reflexão do evangelho, o término da restauração da igreja Matriz se consolida como momento oportuno para refletir a fé e a relação com Deus.
Durante todo dia haverá uma programação espiritual em agradecimento à conclusão do restauro da Igreja Matriz. A cada hora, uma pastoral ou movimento será responsável pelas orações em ação de graças. Os sacerdotes também estarão realizando atendimento espiritual e confissões.
Nesta noite (29), o bispo palmeirense Dom Sérgio Krzywy celebra às 19h30 o primeiro dia da novena para a festa em louvor a Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Palmeira. As atividades desta quinta-feira (29) dão início às festividades dos 200 anos da Paróquia Nossa Senhora da Conceição.
Dez anos entre restauro civil e artístico
Constituída como a obra arquitetônica mais imponente da cidade, a Igreja Matriz de Palmeira tem como característica o estilo colonial português. Em seu interior são encontradas pinturas artísticas realizadas em fases distintas, executadas num primeiro momento pelo pintor Otto Vogueta, de São Paulo (entre 1929 e 1936) e depois numa outra fase, na década de 40, pelo artista Francisco Flizicoski.
O processo de restauração teve início em 2008 com o restauro civil, que envolveu troca do telhado, assoalho e demais obras, mas o grande passo foi dado em 2014 quando começou a restauração artística das pinturas internas. “Havia uma grande expectativa por parte da comunidade, que não sabia exatamente o que estava embaixo das muitas camadas de tinta. Foi preciso um trabalho de prospecção e muita análise para chegarmos a este patrimônio belíssimo que está sendo entregue à população”, explica o restaurador Gilberto Alberton Benvenutti.
A restauração artística (que é a recuperação, a preservação dos originais) foi feita em etapas e uma das características desse processo é que durante os trabalhos a Igreja fechou apenas por alguns dias para a troca do assoalho. Assim, nos dez anos de obras, as atividades paroquiais continuaram normalmente.
De acordo com o artista plástico, foram aproximadamente 55 meses de restauração artística. O trabalho de restauro artístico teve um levantamento criterioso de quantas intervenções as pinturas sofreram no decorrer dos anos e quais os danos causados nos originais. As mudanças ocorridas ao longo do ano foram determinações da Igreja no período.
Paralelo a isso foi realizada a remoção de uma forte camada de verniz que encobria e danificava as pinturas existentes no forro do presbitério e da nave. Com o tempo o verniz oxidou dando um aspecto amarelado às pinturas.
A segunda etapa se constituiu como uma fase bem mais ampla. Neste momento a equipe contou com fotos fornecidas pela historiadora Vera Lucia Mayer. Esses registros foram essenciais para entender as composições e as cores originais que estavam encobertas por até 12 camadas de tinta e massa.
Tesouro escondido
O presbitério, que foi todo restaurado, estava com várias camadas de repinturas e massas encobrindo os motivos decorativos originais das paredes, bem como as figuras de São Pedro e São Paulo. Os mais antigos sabiam da existência dessas pinturas, mas foi necessário um trabalho criterioso para avaliar como elas estavam e se poderiam passar pelo processo de restauração. “De acordo com fotos históricas e testemunhos pessoais sabíamos da existência de mais oito pinturas figurativas, representando os quatro Profetas Maiores e os quatro Evangelistas que não puderam ser resgatadas, devido à remoção do reboco das paredes laterais do presbitério durante uma obra entre 1940 e 1960”, conta Benvenutti.
A equipe do restauro trabalhou também no arco do triunfo, nas paredes do fundo da Igreja, no coro e no forro. Após a remoção de repinturas foram encontrados motivos decorativos e inscrições em latim, tudo devidamente restaurado.
A última fase envolveu as paredes laterais, que guardavam belíssimos motivos decorativos que estavam encobertos há muitos anos. “Neste período não havia uma conscientização da importância da restauração das pinturas artísticas e até mesmo a mão de obra especializada era rara. Por isso, muitos patrimônios foram descaracterizados e “escondidos”, não por falta de vontade de preservá-los, mas sim, na maioria das vezes, por falta de informação”, conta o artista.
Foto: Elder Scolimoski.
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