Historiadora elucida aspectos do início de Palmeira em relação a imagem de Nossa Senhora da Conceição

Historiadora elucida aspectos do início de Palmeira em relação a imagem de Nossa Senhora da Conceição

Publicado em: 7 abr, 2022 às 10:09

Vivenciamos no dia de hoje (07), uma data significativa tanto da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, como para nossa cidade, visto que a data de 07/04/1819 está interligada a história da Paróquia a história da cidade. A Historiadora Vera Mayer elucida alguns aspectos sobre a fundação de nossa cidade, em relação a imagem de Nossa Senhora da Conceição instalada no altar da Igreja Matriz.

Vera explica que segundo o historiador David Carneiro, a imagem veio pelas mãos do Capitão João Carvalho Pinto, que era um cidadão natural de Portugal, e este trouxe uma imagem de Nossa Senhora da Conceição entalhada em madeira de Carvalho por um artesão português cujo nome na história não foi encontrado. Assim que ele recebeu a imagem, ele pediu para colocá-la num altar da matriz de Curitiba, até que a provisão fosse concedida pelo Bispo e a Capela do Tamanduá, região onde ele tinha várias poses fosse construída, o que aconteceu entre os anos de 1727 e 1730, quando então essa imagem vem para o altar-mor da nova Capela do Tamanduá.Rezam os documentos da época que Luís Tigre quis vela habitada em uma Capela na sede de uma das suas fazendas, não só porque era grande e profunda a fé em Nossa Senhora de Conceição, tanto que ele estremeceu de alegria ao receber, como também por querer que ela fosse penhor de ricas bênçãos para as suas terras e protetora solicita de todos os que a habitavam. Diz o historiador Marcos Vinícius Molinari Machado, que a construção dessa Capela foi, na época, a mais meridional das construções em alvenaria”, explicou

Ela comenta também que o Doutor Arthur Orlando Klass (saudosa memória), diz em uma das suas obras, com bastante propriedade, que tudo começou com a devoção de uma mulher, que foi a Dona Ana Maria da Conceição.Ela era dona da sesmaria da Palmeira e fiel devota de Nossa Senhora. Então ela saía da fazenda Palmeira e ia até a freguesia do Tamanduá para participar dos ofícios religiosos, certamente em caravana com muitos outros devotos. Ela faleceu em 1816, sem ter concretizado o sonho de ter uma Capela, uma igreja mais perto de sua casa, que teria pedido para o seu marido durante muito tempo. Nesse período histórico, o Padre Antônio Duarte dos Passos, que andava em alguns conflitos e desentendimentos com os carmelitas do Tamanduá, agilizou-se quanto antes, para todos se transferir para Palmeira com as articulações do Tenente Manoel José de Araújo, então viúvo de Ana Maria, e ele quis então cumprir o seu pedido de construir uma igreja mais próxima do povoado e dos fazendeiros de Palmeira”, contou Vera.

O padre entrega então a Capela do Tamanduá para os padres carmelitas e vem para o Rincão de Palmeira, onde ele passa a residir, e estava então, dado o primeiro passo para o crescimento de Palmeira, pois a sua vinda para cá mudou as páginas da nossa história. “Era 12/08/1818, quando o Padre Duarte deixava freguesia do Tamanduá  vindo para cá, para dar maior assistência religiosa aos fiéis do povoado de Palmeira. Dentro dessas articulações foi então que no dia 07/04/1819 solenemente foram doadas as terras pelo Tenente Manoel José Araújo, para se construir uma nova igreja dedicada a Nossa Senhora da Imaculada Conceição. Com isto, alguns moradores do Tamanduá, dadas as circunstâncias, também se transferiram para a nossa nova freguesia, a freguesia nova de Nossa Senhora da Conceição de Palmeira. Naquela época, então, iniciou-se as coletas de donativos para se fazer edificar a nova Matriz, que fora depois declarada como construída e concluída em 1837″, disse a historiadora.

Imagem de Nossa Senhora da Conceição
Segundo Vera Mayer, não é possível precisar ao certo a vinda da imagem a Palmeira, se ela veio de início com o padre Antônio dos Passos em 1818, pois segundo ela os carmelitas são devotos de Nossa Senhora do Carmo, ou então em 1837, quando já se tinha o altar-mor, e ele teria ido buscar ou teria guardado na cidade. “O belíssimo andor, todo entalhado em ricamente pintado dentro da mesma arte da imagem, permanece na Capela do Tamanduá até hoje, o Tamanduá fica com o andor e nós ficamos com a imagem”, disse.

A imagem de Nossa Senhora da Conceição, que se vislumbra no altar da Igreja Matriz, revela os traços delicados próprio da beleza feminina, com roupas do momento renascentista, Vera considera que o autor adotou essa linha para fazer a sua escultura. Foi então a criatividade do autor antes da instituição ao seu dogma, que só veio acontecer em 08/12/1854, quando o papa Pio IX, declarava seu dogma depois de suas aparições a Bernadete, consequentemente, a partir daí é que a sua indumentária foi instituída com o manto azul. “Então, se pegarmos hoje uma imagem de nossa Senhora da Conceição que temos, nós vamos contemplar ela com a sua indumentária ou com sua vestimenta, com o manto azul que difere um pouco ou até bastante daquela que temos no nosso altar em se tratar então de uma obra artística anterior a 1854”, contou.

Essa imagem de madeira, transfere o aspecto puramente religioso e devocional, também  é um dos motivos da existência de um povo que se reconhece como comunidade e o identifica como palmeirense. “E assim sendo,  faz parte intrínseca da história não só da Paróquia, como também do nosso Município. O fato é que a Nossa Senhora da Conceição sempre foi e há de continuar sendo razão do ser e do viver dos palmeirenses. Passados mais de 203 anos da nossa história oficial de uma história que não tem um ponto final, pois a cada geração a fé se renova pelo espírito cristão do nosso povo e pelo interesse católico em manter essa escultura como sagrada e venerando o seu dogma, juntamente com a Igreja Matriz, que abriga essa obra, nós vamos ter aí um grande patrimônio, tanto do lado religioso como do artístico e cultural e nada mais, nada menos, podemos classificar como uma das obras mais imponentes, no ramo artístico que temos no nosso Município”, finalizou

Texto Andrea Borges
Foto: João Borges Júnior/Arquivo PASCOM