Em entrevista a Ipiranga FM, Mauro Zanatta fala sobre carreira e inspirações
O ator, diretor e professor de teatro Mauro Zanatta esteve em Palmeira na semana passada, para participar de um evento teatral e aproveitou para compartilhar detalhes de sua trajetória artística em entrevista ao Noticiário P7 da Ipiranga FM.
Segundo Zanatta, sua carreira começou em Florianópolis, enquanto ele cursava Engenharia Mecânica. “Eu percebi que estava no caminho errado e, por acaso, acabei encontrando o teatro, através da mímica. Desde então, me senti em casa. Já são 42 anos de uma jornada que me levou a explorar a arte em diferentes culturas”, comentou o ator, que morou em Recife e Londres, antes de fundar sua própria escola de teatro em Curitiba, a Escola Doutor Cômico, hoje chamada de Espaço Excêntrico.
Ao ser questionado sobre as principais diferenças entre atuar no teatro e no cinema, Zanatta enfatizou: “O cinema é a arte do diretor, enquanto o teatro é a arte do ator. No cinema, você tem a chance de se ver na tela, mas o teatro traz uma experiência nova a cada apresentação, com a troca direta com o público. É uma sensação incrível estar no palco e viver o momento ao vivo”, explicou.
Zanatta também elogiou a recente reforma do Cine Teatro de Palmeira. “É raro ver uma cidade pequena restaurar e usar um teatro. Já vi teatros parados, como o de Irati, que está abandonado há 10 anos, e, infelizmente, permanece parado, rodeado por matagal, é triste ver espaços assim abandonados. Mas aqui em Palmeira, o teatro foi restaurado e, o mais importante, está sendo utilizado. Restaurar um teatro é uma coisa, mas mantê-lo vivo, com programação e atividade constante, é outra. Aqui em Palmeira, vocês conseguiram unir essas duas questões, o que é excelente.”, destacou.
Com relação aos grandes palcos em que já atuou, Zanatta mencionou o Guairão, em Curitiba, como uma das experiências mais desafiadoras de sua carreira. “Fiz um monólogo no Guairão, sozinho no palco, sem cenário. Foi uma das maiores conquistas da minha vida profissional”, afirmou.
Ao longo da entrevista, Mauro Zanatta falou sobre suas inspirações e o desejo de provocar reflexões sobre o papel da arte na sociedade. Ele destacou a importância de se promover a arte como uma ferramenta de transformação social e mental. “Quero ser alguém que mostre ao mundo que a arte, muitas vezes relegada aos porões, precisa ocupar pelo menos o primeiro andar da sociedade. A arte tem um papel muito mais amplo do que apenas entretenimento: ela contribui para a contenção da violência, para a saúde mental e para a criação de espaços de reflexão. Ela é um verdadeiro respiro social e deve ser continuamente incentivada pelos municípios, estados e a federação. A arte é um provocador de mudanças econômicas e sociais, e também proporciona sustentabilidade para a vida das pessoas.”, refletiu.
Hoje, além do seu trabalho como ator, Mauro está trabalhando em um espetáculo chamado Cidades Mortas, que aborda a forma como cidades são construídas sobre florestas e culturas pré-existentes, muitas vezes de maneira corrompida. “Também tenho um projeto chamado 10 para as 8, onde realizo entrevistas em praças para identificar onde os movimentos artísticos estão acontecendo nas cidades do Paraná. Meu papel agora é apoiar, fomentar e divulgar o que está sendo feito no campo das artes”, comentou.
Zanatta também falou sobre seu trabalho no cinema, mencionando o filme Entrelinhas, dirigido por Guto Pasko, que trata da ditadura militar em Curitiba. “Foi um dos filmes mais potentes em que já trabalhei. Interpretei o pai de uma personagem real, e foi uma experiência muito gratificante”, contou.
Ouça o bate-papo completo
Texto e foto: Da redação
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