Diretoria da Santa Casa fala sobre possibilidade de fechamento da instituição
A atual situação da Santa Casa levou a diretoria a convocar uma assembleia para tratar sobre a possível dissolução da instituição. Marcos Antônio Bordinhão e Carlos Eduardo Rocha Mezzadri que fazem parte da diretoria do hospital participaram do Noticiário P7 desta terça-feira (14) para falar sobre o assunto. “Não é segredo para ninguém que a Santa Casa passa por dificuldades. Quando nós assumimos a direção em maio do ano passado ela já estava na iminência de ser fechada. Nós tentamos ajustar os números e conseguimos. A Santa Casa ‘rodou’ muito bem durante o ano de 2019”, lembrou o provedor da entidade.
Segundo Marcos até o fim do ano passado o custo para manter a Santa Casa em funcionamento era de cerca de R$ 420 mil mensais. Um dos fatores que agravou o quadro financeiro do hospital foi a não renovação de um contrato do Estado com a Santa Casa no valor de R$ 86 mil reais. “Nós só descobrimos quando assumimos a Santa Casa. Mas é uma questão burocrática do próprio Estado, só que a burocracia do Estado está demorando muito, já faz um ano e não renovam o próprio contrato”, disse Bordinhão.
Ao receber mensalmente apenas parte deste valor, de acordo com Marcos, em dezembro o déficit da Santa Casa chegou a R$ 240 mil. “Hoje esse valor já ultrapassa os R$ 350 mil e nós estamos tentando trabalhar, mas aí o que aconteceu? Estamos atrasando funcionários, estamos atrasando fornecedores e a projeção é muito maior. Ou nós corrigimos isso ou vamos chegar a um momento que não vamos mais conseguir manter funcionários”, adiantou o provedor.
A pandemia da covid-19 também afetou financeiramente a instituição; não estão sendo realizas cirurgias eletivas e os convênios diminuíram significativamente, por exemplo. Sem estas fontes de recursos, as projeções para o futuro da entidade estão cada vez mais inviáveis.
Marcos diz entender que há uma burocracia e reconhece que dentro do possível órgãos como Prefeitura Municipal e Câmara de Vereadores estão colaborando com a Santa Casa. No entanto, ele destaca que o edital de convocação da assembleia precisou ser lançado para buscar evitar que o déficit da entidade aumente. “Como instituição também precisamos cumprir nossa burocracia. Também preciso lançar o edital e dizer que não posso deixar a dívida se esticar. Daqui a pouco estamos devendo mais de R$ 1 milhão”, afirmou o provedor.
Outra consequência desta pandemia foi a saída de profissionais, uma vez que outras cidades começaram a contratar médicos. Durante a entrevista ele contou que só no mês de março foram cinco pessoas que deixaram o quadro de funcionários. Segundo Bordinhão atualmente não há obstetras que atendem na Santa Casa. “O que adianta ter uma instituição física de 3 mil metros quadrados sem dinheiro e sem profissionais?”, pontuou Marcos.
Mezzadri também destacou durante a entrevista que além de todos os esforços para que o hospital não seja fechado, há também a responsabilidade com os funcionários. “Nós temos que ser responsáveis. Responsáveis com a população evidentemente, mas também com nossos quase 60 funcionários que trabalham há muitos anos na Santa Casa e vivem dali. Não podemos deixar nossa dívida virar uma bola de neve e isso ocasionar em perda de direitos trabalhistas”, disse ele.
Para Carlos Eduardo mais que buscar quitar as dívidas da Santa Casa, este é o momento de discutir sobre como será a manutenção da entidade, para que não exista mais o iminente risco de fechamento. “Não basta apenas resolvermos o problema momentâneo da dívida atual. A grande questão é como será feita a manutenção da Santa Casa nos próximos meses, para que estes problemas cessem, para que não seja preciso todo ano estarmos recorrendo à sociedade e poderes constituídos”, ponderou ele.
Fotos: Elder Scolimoski
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