Comunidade de Passo do Tio Paulo realiza a 21ª Festa da Tradição Polonesa no domingo (03)

Comunidade de Passo do Tio Paulo realiza a 21ª Festa da Tradição Polonesa no domingo (03)

Publicado em: 1 set, 2023 às 8:36

Neste domingo (03), a comunidade de Passo do Tio Paulo realiza a 21ª Festa da Tradição Polonesa. A programação da festividade começou na última quarta-feira (30), com tríduo preparatório em louvor a São Gabriel.

No domingo, as atividades iniciam às 6h com alvorada festiva, 8h30 haverá Saída Trilha entre Amigos com apoio Trilhas Stafin, 10h missa com bênção de sementes, 11h30 almoço com buffet, além de churrasco, leitão, porções de pierogui, saladas, maionese, arroz e cerveja caseira.

A partir das 13h30 a programação da tarde festiva inicia com bingo, leilão, torneio de truco e tarde dançante. Outra atração do domingo (03) será a corrida da tora e taczki, com início às 15h. A animação musical será com o Grupo Timbre da Gaita.

História da comunidade

A Comunidade Passo do Tio Paulo, tem uma história rica e diversificada que remonta ao final do século XIX. Com suas raízes profundas, essa comunidade uniu uma variedade de etnias sob a mesma fé ao longo dos anos.

De acordo com o registro histórico da historiadora Vera Lúcia Mayer, a região viu a chegada de imigrantes poloneses e austríacos por volta de 1894. Esses corajosos pioneiros se estabeleceram no que era então chamado de Pinheiral de Cima, hoje conhecido como Passo do Tio Paulo.

O relato de Vera descreve que, até 1953, o local era denominado Pinheiral de Cima e abrigava uma comunidade afrodescendente, possivelmente uma comunidade quilombola, conhecida como os “Marcelinos.” Eles carregavam sobrenomes como Oliveira, Ribas, Barbosa, Soares, entre outros. Entre os notáveis habitantes dessa vila estavam figuras como o Sr. Benedito Ribas, conhecido como curador de picadas de cobra, o Sr. João Belino, Albino Bicho, Pedro Bicho, Sr. Fidelis, Joaquim Gaiteiro e Alexandre Padre. Destaca-se também a famosa Cecília Farinheira, conhecida por sua habilidade na produção de farinha biju e canjica. O biju era uma massa triturada no pilão, espalhada sobre uma chapa quente e moldada com a cabeça de uma espiga de milho até atingir o ponto ideal. Os habitantes da vila não professavam a fé católica inicialmente, mas ao longo do tempo, essa fé foi assimilada devido à harmonia estabelecida com os imigrantes europeus.

Vera ressalta que, entre as famílias polonesas e austríacas que chegaram à região, destacam-se os Mazur, Mroginski, Covalski, Chempciki, Rebinski, Ponijava, Levandoski, Viatroski, Slusarz, Derenda, Viutc, Rogalski, Szarowicz e Bonk. Assim como muitos que se estabeleceram no município, esses imigrantes dedicaram-se à agricultura e pecuária, além de praticarem fielmente a fé católica.

Devido às grandes distâncias para a educação e a oração, não demorou muito para que a comunidade se unisse para construir uma escola e uma igreja. A escola atendia a toda a vizinhança e proporcionava alfabetização em polonês e português, juntamente com uma sólida catequese. Por volta dos anos 1930, escola e igreja se tornaram o epicentro da comunidade, em um terreno doado generosamente por João Mroginski.

A escolha dos padroeiros foi um momento significativo, e São Miguel Arcanjo, patrono das boas sementes e da boa colheita, foi escolhido, de acordo com a invocação polonesa. Além disso, Nossa Senhora das Velas também foi venerada na comunidade. O altar da igreja ostenta, até os dias de hoje, um quadro de Nossa Senhora de Czetochowa, padroeira da Polônia, que os poloneses também reverenciam. Esse quadro foi trazido da Polônia pela família Ponijava, hoje Ponijaleski, e gentilmente doado à igreja por Maria Ponijava Rogalski.

Texto: Andrea Borges com informações de Vera Lúcia Mayer
Foto: João Borges Júnior/Arquivo PASCOM