Colégio Agrícola será vitrine da Raça Purunã em Palmeira, conheça mais sobre essa nova raça

Colégio Agrícola será vitrine da Raça Purunã em Palmeira, conheça mais sobre essa nova raça

Publicado em: 9 jun, 2022 às 9:06

O Centro Estadual de Educação Profissional Agrícola Getúlio Vargas através de parceria com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, (IDR-Paraná), está implantando a Unidade Didática Produtiva para fomentar a Raça Bovina Purunã.

Ontem (08) foi realizada uma palestra sobre a raça taurina sintética do Paraná, no auditório do Colégio Agrícola, com o objetivo de apresentar o programa e fomentar a raça na região. Estiveram presentes o secretário e diretor de agricultura do Município, o presidente do sindicato rural e do sindicato patronal de Palmeira, Nilton Wendler representando a CAFPAL  e Valter Ramos do IDR de Palmeira.

O professor João Carlos Hoffmann, Diretor da Fazenda Escola explicou como está sendo o manejo com as seis matrizes Purunã que a instituição recebeu através da parceria com o IDR-Paraná. “Nós estamos com 6 novilhas aqui de primeira cria, as 6 estão prenhas e logo vão dar cria para iniciar o programa de fomento da raça purunã aqui no colégio agrícola de Palmeira. A gente programou aqui um local para esses animais e eles estão sendo criados aqui, a gente já teve a semente de aveia branca hiper esmeralda, fizemos um piquete aqui no colégio que vai auxiliar na alimentação desses animais. Nós temos o silo aqui de milho, fizemos 150 toneladas para o gado de leite e agora também servirá ao gado de corte para essas 6 novilhas de primeira cria. Estamos criando um programa para fomentar e difundir a raça purunã aqui na região, com gado de corte e com a possibilidade nessa região aqui que predomina o gado de leite, fazer meio sangue de leite com raças aí adaptadas a leite, como a holandesa, como a jersey, e também fazer meio sangue para a corte também. Então eu acredito que esse programa ele vem auxiliar também a comercialização, que é fundamental, pois temos já uma cooperativa comprando carne aqui na região, é um grande impulso para o pecuarista ter onde vender (…)”, comentou o professor.

Altair Dorigo, Diretor de Negócios do IDR-Paraná comentou sobre a parceria com o Colégio Agrícola de Palmeira. “O IDR-Paraná ele desenvolveu essa raça bovina para a corte, que nós chamamos de raça puranã. Esse é um trabalho que foi realizado na fazenda modelo em Ponta Grossa, um trabalho já de 3 décadas e que já desde 2012 houve o registro no Ministério da Agricultura e hoje nós estamos difundindo a raça, principalmente visando aí os pequenos produtores, onde eles poderão ter acesso a uma tecnologia que foi e que está sendo disponibilizada pelo estado do Paraná, através do seu órgão de pesquisa antigo IAPAR e hoje IDR-Paraná (…). Nada melhor que a parceria com os colégios agrícolas do Paraná para difundir essa novidade. Esses animais estarão a disposição dos alunos que poderão aprender ainda mais sobre a pecuária, criação e manejo, e o colégio será uma ponte com os produtores da região”, disse Altair.

O Coordenador Estadual do Programa de Pecuária de corte do IDR-PR, Rodrigo César Rossi, explicou sobre as unidades que estão incentivadas com o projeto. “Atualmente nós estamos contando com 15 propriedades desse projeto, então nós escolhemos técnicos que foram treinados para poder estar prestando assistência técnica junto ao fomento da raça aos produtores. O animal e a raça em si, ela é um componente do sistema, só que ela por si só não é suficiente para entregar o resultado final do sistema, porque é um animal melhorado, ele depende de uma melhor condição para ele poder expressar sua superioridade, então a assistência técnica, ela vai ao encontro de acertar a questão da alimentação, de acertar o manejo, a questão sanitária, e aí a raça tem as condições necessárias para poder expressar o resultado e, com isso, gerar o que é preconizado pelo IDR  que é o desenvolvimento rural sustentável (…)”, explicou Rodrigo.

José Luiz Moleta, Técnico do IDR-PR, comentou sobre o desenvolvimento da raça. “É uma raça paranaense que foi desenvolvida  pelo nosso instituto e o composto congrega ba sua base, na sua formação, outras 4 raças puras, raças que que são criadas já há muitos anos e são de um histórico excelente. Então ela envolveu o Charolês, Caracu, Canchim e Aberdeen Angus que á a raça hoje que dentro da proposta ou da busca de carne de qualidade, é a raça que tem melhores características para produzir carne de qualidade em termos de maciez, marmoreio, acabamento. Então essas 4 raças foram usadas inicialmente num processo de cruzamento entre elas e depois de uma avaliação, aí de praticamente 15, 16 anos, que nós então decidimos que poderíamos partir para a formação de uma população nova, ou seja, de uma nova raça”, explicou José Luiz Moleta.

Ao chegar na sua composição genética de 25% de sangue de cada uma das raças, obteve-se a vantagem de usar uma raça composta numa propriedade de grande corte que agrega características importantes no sistema de produção. “Então eu acredito que será  muito bom para a pecuária da região e do estado, uma oportunidade de ganho que nós acreditamos que vai acontecer a médio prazo. O produtor interessado deve procurar o colégio, e eles vão indicar para nós, dependendo do propósito do produtor ou do foco que ele quer ele pode através do colégio ter esse direcionamento para nós,  e estamos à disposição na fazenda modelo em Ponta Grossa, com um projeto de fomento que também é direto para produtor de gado de corte, mas a gente está à disposição para para buscar novos parceiros e ampliar quanto mais rápido possível a produção da raça purunã”, comentou o técnico José Luiz do IDR-PR.

Criação da Raça Purunã
Visando obter maior rendimento, há décadas os criadores buscam melhorar os rebanhos por meio de seleção baseada em avaliações genéticas e dos chamados cruzamentos industriais, estratégias que nem sempre dão bons resultados, pois, na maioria das vezes, desconsideram a aptidão das raças utilizadas nos cruzamentos e os parâmetros genéticos para o máximo aproveitamento do que cada uma delas pode oferecer de melhor.

Para solucionar esse problema, os pesquisadores do IAPAR formularam, no início da década de 1980, a proposta de entregar aos pecuaristas uma raça pronta, capaz de reunir grande parte das qualidades de mestiços obtidos pelo cruzamento entre animais Caracu, Canchim, Aberdeen Angus e Charolês.

O resultado obtido, após mais de 30 anos de estudos, foi a raça Purunã, cujo nome é uma homenagem à Serra do Purunã, que delimita os Campos Gerais do Paraná e fica próxima à Fazenda-Modelo, em Ponta Grossa, onde os cruzamentos e pesquisas foram desenvolvidos.

Características da Raça Purunã
Por ter em sua composição racial 25% de Caracu e 10% de Zebu, o Purunã é um animal rústico, tolerante ao calor e resistente ao carrapato e a outros parasitas. Com 40% de Charolês no genótipo, animais Purunã têm alta velocidade de ganho de peso e produzem carcaças que fornecem alto rendimento, com elevada porcentagem de carnes nobres e pequena capa de gordura.

Outras características do Purunã, asseguradas pela contribuição do Angus em sua formação, são a precocidade, o tamanho adulto moderado, o temperamento dócil, o marmoreio e a maciez da carne. Além dessas características, as vacas Purunã apresentam boa produção de leite e excelente habilidade materna, atributos herdados do Caracu e do Angus. O Purunã dificilmente terá problemas de consanguinidade, pois sua formação não prevê o “fechamento” do rebanho.

Criando a Raça Purunã
O composto Purunã encontra-se estabilizado e em 2012 o IAPAR foi credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para emitir o Certificado Especial de Identificação e Produção (CEIP).
Mais recentemente, por meio da PORTARIA Nº 249, DE 21 DE NOVEMBRO DE 2016, publicada no Diário Oficial da União – DOU de 30/11/2016 (nº 229, Seção 1, pág. 7), o mesmo Ministério reconheceu a raça de bovinos denominada Purunã e concedeu à Associação dos Criadores de Bovino Purunã – ACP, a autorização para efetuar os trabalhos de registro genealógico de animais desta raça, sob o número de Registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 71/BR.

A raça vem sendo adotada com sucesso por vários núcleos de pecuaristas, que fundaram a Associação de Criadores de Purunã (ACP), entidade responsável pelo registro genealógico e a preservação das características genéticas dos animais. A criação do Purunã é indicada para:

• O Estado do Paraná e o Brasil Central, como raça exclusiva;
• Qualquer região do Brasil, em cruzamentos com vacas Nelore ou aneloradas visando terminação.

Texto: Andrea Borges com informações  de IDR-PR
Foto: Elder Scolimoski