Colégio Agrícola será vitrine da Raça Purunã em Palmeira, conheça mais sobre essa nova raça
O Centro Estadual de Educação Profissional Agrícola Getúlio Vargas através de parceria com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, (IDR-Paraná), está implantando a Unidade Didática Produtiva para fomentar a Raça Bovina Purunã.
Ontem (08) foi realizada uma palestra sobre a raça taurina sintética do Paraná, no auditório do Colégio Agrícola, com o objetivo de apresentar o programa e fomentar a raça na região. Estiveram presentes o secretário e diretor de agricultura do Município, o presidente do sindicato rural e do sindicato patronal de Palmeira, Nilton Wendler representando a CAFPAL e Valter Ramos do IDR de Palmeira.
O professor João Carlos Hoffmann, Diretor da Fazenda Escola explicou como está sendo o manejo com as seis matrizes Purunã que a instituição recebeu através da parceria com o IDR-Paraná. “Nós estamos com 6 novilhas aqui de primeira cria, as 6 estão prenhas e logo vão dar cria para iniciar o programa de fomento da raça purunã aqui no colégio agrícola de Palmeira. A gente programou aqui um local para esses animais e eles estão sendo criados aqui, a gente já teve a semente de aveia branca hiper esmeralda, fizemos um piquete aqui no colégio que vai auxiliar na alimentação desses animais. Nós temos o silo aqui de milho, fizemos 150 toneladas para o gado de leite e agora também servirá ao gado de corte para essas 6 novilhas de primeira cria. Estamos criando um programa para fomentar e difundir a raça purunã aqui na região, com gado de corte e com a possibilidade nessa região aqui que predomina o gado de leite, fazer meio sangue de leite com raças aí adaptadas a leite, como a holandesa, como a jersey, e também fazer meio sangue para a corte também. Então eu acredito que esse programa ele vem auxiliar também a comercialização, que é fundamental, pois temos já uma cooperativa comprando carne aqui na região, é um grande impulso para o pecuarista ter onde vender (…)”, comentou o professor.
Altair Dorigo, Diretor de Negócios do IDR-Paraná comentou sobre a parceria com o Colégio Agrícola de Palmeira. “O IDR-Paraná ele desenvolveu essa raça bovina para a corte, que nós chamamos de raça puranã. Esse é um trabalho que foi realizado na fazenda modelo em Ponta Grossa, um trabalho já de 3 décadas e que já desde 2012 houve o registro no Ministério da Agricultura e hoje nós estamos difundindo a raça, principalmente visando aí os pequenos produtores, onde eles poderão ter acesso a uma tecnologia que foi e que está sendo disponibilizada pelo estado do Paraná, através do seu órgão de pesquisa antigo IAPAR e hoje IDR-Paraná (…). Nada melhor que a parceria com os colégios agrícolas do Paraná para difundir essa novidade. Esses animais estarão a disposição dos alunos que poderão aprender ainda mais sobre a pecuária, criação e manejo, e o colégio será uma ponte com os produtores da região”, disse Altair.
O Coordenador Estadual do Programa de Pecuária de corte do IDR-PR, Rodrigo César Rossi, explicou sobre as unidades que estão incentivadas com o projeto. “Atualmente nós estamos contando com 15 propriedades desse projeto, então nós escolhemos técnicos que foram treinados para poder estar prestando assistência técnica junto ao fomento da raça aos produtores. O animal e a raça em si, ela é um componente do sistema, só que ela por si só não é suficiente para entregar o resultado final do sistema, porque é um animal melhorado, ele depende de uma melhor condição para ele poder expressar sua superioridade, então a assistência técnica, ela vai ao encontro de acertar a questão da alimentação, de acertar o manejo, a questão sanitária, e aí a raça tem as condições necessárias para poder expressar o resultado e, com isso, gerar o que é preconizado pelo IDR que é o desenvolvimento rural sustentável (…)”, explicou Rodrigo.
José Luiz Moleta, Técnico do IDR-PR, comentou sobre o desenvolvimento da raça. “É uma raça paranaense que foi desenvolvida pelo nosso instituto e o composto congrega ba sua base, na sua formação, outras 4 raças puras, raças que que são criadas já há muitos anos e são de um histórico excelente. Então ela envolveu o Charolês, Caracu, Canchim e Aberdeen Angus que á a raça hoje que dentro da proposta ou da busca de carne de qualidade, é a raça que tem melhores características para produzir carne de qualidade em termos de maciez, marmoreio, acabamento. Então essas 4 raças foram usadas inicialmente num processo de cruzamento entre elas e depois de uma avaliação, aí de praticamente 15, 16 anos, que nós então decidimos que poderíamos partir para a formação de uma população nova, ou seja, de uma nova raça”, explicou José Luiz Moleta.
Ao chegar na sua composição genética de 25% de sangue de cada uma das raças, obteve-se a vantagem de usar uma raça composta numa propriedade de grande corte que agrega características importantes no sistema de produção. “Então eu acredito que será muito bom para a pecuária da região e do estado, uma oportunidade de ganho que nós acreditamos que vai acontecer a médio prazo. O produtor interessado deve procurar o colégio, e eles vão indicar para nós, dependendo do propósito do produtor ou do foco que ele quer ele pode através do colégio ter esse direcionamento para nós, e estamos à disposição na fazenda modelo em Ponta Grossa, com um projeto de fomento que também é direto para produtor de gado de corte, mas a gente está à disposição para para buscar novos parceiros e ampliar quanto mais rápido possível a produção da raça purunã”, comentou o técnico José Luiz do IDR-PR.
Criação da Raça Purunã
Visando obter maior rendimento, há décadas os criadores buscam melhorar os rebanhos por meio de seleção baseada em avaliações genéticas e dos chamados cruzamentos industriais, estratégias que nem sempre dão bons resultados, pois, na maioria das vezes, desconsideram a aptidão das raças utilizadas nos cruzamentos e os parâmetros genéticos para o máximo aproveitamento do que cada uma delas pode oferecer de melhor.
Para solucionar esse problema, os pesquisadores do IAPAR formularam, no início da década de 1980, a proposta de entregar aos pecuaristas uma raça pronta, capaz de reunir grande parte das qualidades de mestiços obtidos pelo cruzamento entre animais Caracu, Canchim, Aberdeen Angus e Charolês.
O resultado obtido, após mais de 30 anos de estudos, foi a raça Purunã, cujo nome é uma homenagem à Serra do Purunã, que delimita os Campos Gerais do Paraná e fica próxima à Fazenda-Modelo, em Ponta Grossa, onde os cruzamentos e pesquisas foram desenvolvidos.
Características da Raça Purunã
Por ter em sua composição racial 25% de Caracu e 10% de Zebu, o Purunã é um animal rústico, tolerante ao calor e resistente ao carrapato e a outros parasitas. Com 40% de Charolês no genótipo, animais Purunã têm alta velocidade de ganho de peso e produzem carcaças que fornecem alto rendimento, com elevada porcentagem de carnes nobres e pequena capa de gordura.
Outras características do Purunã, asseguradas pela contribuição do Angus em sua formação, são a precocidade, o tamanho adulto moderado, o temperamento dócil, o marmoreio e a maciez da carne. Além dessas características, as vacas Purunã apresentam boa produção de leite e excelente habilidade materna, atributos herdados do Caracu e do Angus. O Purunã dificilmente terá problemas de consanguinidade, pois sua formação não prevê o “fechamento” do rebanho.
Criando a Raça Purunã
O composto Purunã encontra-se estabilizado e em 2012 o IAPAR foi credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para emitir o Certificado Especial de Identificação e Produção (CEIP).
Mais recentemente, por meio da PORTARIA Nº 249, DE 21 DE NOVEMBRO DE 2016, publicada no Diário Oficial da União – DOU de 30/11/2016 (nº 229, Seção 1, pág. 7), o mesmo Ministério reconheceu a raça de bovinos denominada Purunã e concedeu à Associação dos Criadores de Bovino Purunã – ACP, a autorização para efetuar os trabalhos de registro genealógico de animais desta raça, sob o número de Registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 71/BR.
A raça vem sendo adotada com sucesso por vários núcleos de pecuaristas, que fundaram a Associação de Criadores de Purunã (ACP), entidade responsável pelo registro genealógico e a preservação das características genéticas dos animais. A criação do Purunã é indicada para:
• O Estado do Paraná e o Brasil Central, como raça exclusiva;
• Qualquer região do Brasil, em cruzamentos com vacas Nelore ou aneloradas visando terminação.
Texto: Andrea Borges com informações de IDR-PR
Foto: Elder Scolimoski