Duzentos anos da chegada do Padre que marcou o surgimento da paróquia e da cidade de Palmeira
Em um período de restauro do maior patrimônio histórico do Município, em que se resgata a história da Igreja Matriz, neste dia 12 de agosto recordamos a chegada do primeiro Pároco à cidade.
O Padre Antônio Duarte dos Passos, filho de Domingos José Duarte Passos, veio para o então povoado de Palmeira em 12 de agosto de 1818.
O Padre, que já andava em desentendimentos como os Carmelitas do Tamanduá, cumpriu a ordem do bispo de São Paulo entregando a Capela com todos os pertences para a Ordem do Carmo, e passando então a residir no Rincão da Palmeira, e no dizer do historiador David Carneiro “estava dado o primeiro passo para o florescimento de Palmeira”. Sua vinda mudou as páginas da história.
As Terras da Palmeira
Havia aqui em Palmeira as terras de Manoel José de Araújo, dono da Fazenda Palmeira. Natural de Minas Gerais, filho de pais portugueses, foi casado com Ana Maria da Conceição, herdeira de terras do Quarteirão de Santa Quitéria e grande devota de Nossa Senhora da Conceição, fato que certamente tenha motivado a doação, pois ainda em vida D. Ana Maria já desejava uma Igreja mais próxima.
“E tudo começou com a devoção de uma mulher”, foi o que disse com bastante propriedade o escritor palmeirense Artur Orlando Klas. Dona Ana Maria da Conceição, fiel devota de Nossa Senhora, saía da Fazenda Palmeira e ia até a Freguesia do Tamanduá para rezar, certamente em caravana com muitos outros devotos. Ana Maria faleceu sem ver concretizado o sonho de ter uma Igreja mais perto de casa. O que vai acontecer tempos depois.
O povoado recebeu em doação, no dia 7 de abril de 1819, a área onde foi construída a igreja Matriz da Freguesia Nova, como ficou conhecida, dando início à história e à formação da hoje cidade de Palmeira. Com a mudança da sede da Freguesia de Tamanduá para Palmeira, o novo povoado foi aumentando em população. E pela Lei nº184, de 3 de maio de 1869, a Freguesia de Palmeira foi elevada à categoria de Vila (Vila de Nossa Senhora da Conceição) criando-se o Município de Palmeira. Pela Lei nº. 238, de 9 de novembro de 1897, a vila recebeu foros de cidade.
A imagem de Nossa Senhora da Conceição
Segundo o historiador David Carneiro, “foi de Antonio Luiz Lamin a ideia mandar buscar uma imagem de Nossa Senhora da Conceição em Portugal, para que ela habitasse uma capela, na sede de uma de suas fazendas, e distribuísse, segundo as crenças da época, as suas graças, entre os nascentes povoados” (CARNEIRO. p.10).
A Imagem veio pelas mãos do Capitão João Carvalho Pinto, que era natural de Portugal, trouxe uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, entalhada em madeira de carvalho por um artesão português, cujo nome é desconhecido. Assim que receberá a imagem pediu para colocá-la num altar da Matriz de Curitiba até que a provisão fosse concedida pelo bispo e capela do Tamanduá fosse construída, o que aconteceu entre os anos de 1727 e 1730, quando a imagem vem para o altar mor da nova capela no Tamanduá, e vai permanecer aí até 1837. (CARNEIRO. p.10.)
A construção da Matriz de Palmeira
A Freguesia do Tamanduá fora transferida oficialmente para Palmeira em 8 de setembro de 1823, com uma benção solene. As obras para a construção da Matriz são aceleradas. A mobilização de muitos foi necessária para a edificação e manutenção da Igreja, que hoje é símbolo e referência da história e da religiosidade de seu povo. Anos mais tarde a data de 7 de abril fora escolhida como o dia do aniversário do município, como principal marco fundador. Consta no Livro Tombo que no dia 3 de julho de 1820, D. Matheos de Abreu Pereira concedeu ao Padre Duarte a licença para a edificação das obras da Igreja Matriz de Palmeira.
A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição foi dada como concluída em 1837 com a construção do frontispício (fachada principal). Tem como características arquitetônicas um estilo eclético com traços bem simples do “Barroco Colonial”, tendo passado por algumas alterações nas suas características arquitetônicas de origem, em decorrência de reformas que se processaram no decorrer dos anos.
No dia 8 de dezembro de 1837 a Imagem de Nossa Senhora da Conceição foi solenemente entronizada no Altar Mor, onde permanece até hoje abençoando o povo de Palmeira, pois também foi proclamada como a Padroeira do Município.
Assim se pode afirmar que a história de Palmeira está intrinsecamente ligada à história da nova paróquia que se instalou neste rincão, pois foi pela religiosidade daqueles que aqui viviam e daqueles que para cá vieram, que a edificação se fez possível e a cidade prosperou. A fé católica foi importante para o estabelecimento e o progresso desse povo.
A morte do Padre Antonio Duarte dos Passos
De acordo com registros do livro Tombo da Matriz, o Pároco Padre Antonio Duarte dos Passos faleceu no dia 21 de março de 1825 decorrente de problemas de saúde. No testamento, o Padre Duarte pedia que se realizasse Missa de corpo presente e celebração de sétimo dia. Ponciano José de Araujo, Vigário Interino, registrou no livro que o corpo foi acompanhado e recomendado solenemente, sendo sepultado na própria Igreja Matriz.
Missa Solene
A Honorifica ordem da Freguesia Nova, chancelada pelo Instituto Histórico e a Paróquia de Palmeira estão organizando uma Celebração Especial para marcar os dois séculos da chegada do Padre Antonio Duarte dos Passos, o Padre que deu origem ao nascimento de um novo povoado. A Missa Solene está programada para as 19 horas do próximo domingo, dia 12 de agosto, exatamente a data em que há 200 anos chegava o primeiro pároco, o qual daria origem à cidade de Palmeira.
Com informações da pesquisadora e historiadora Vera Lucia de Oliveira Mayer.
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