Ao falar sobre 'baby blues', psicóloga destaca importância da saúde mental de puérperas
De acordo com informações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), nos primeiros dias depois do nascimento do bebê, é comum que a mãe se sinta irritada, triste e com vontade de chorar, mesmo sem motivo. Mas esses sentimentos podem ser intercalados com momentos de muita alegria e satisfação. Isso se deve a mudanças hormonais que acontecem nessa fase. Esta condição que pode se manifestar nos primeiros dias após o parto chama-se ‘baby blues‘.
Em entrevista à Ipiranga FM, a psicóloga Daniela Borkoski explica que durante a gestação, havia no corpo da mulher a placenta, com um nível de hormônio bem alto de estrogênio e progesterona pra deixar esse bebê bem, saudável seguro dentro do corpo da mãe. “A partir do nascimento, é retirada essa placenta e esses níveis de hormônio vão cair. E com essas mudanças hormonais vai vir tristeza, irritação, angústia. É algo normal, é uma fase normal de adaptação dessa mãe. Porque o corpo dela está mudando pra se adequar a essa nova realidade. E não só a mudança hormonal vai influenciar nesses sintomas de tristeza, de irritação, mas também a adaptação do ambiente. Porque uma criança exige muito da mãe. Então principalmente ali os primeiros dias, as primeiras semanas são uma fase em que a mulher pode se sentir insegura, se sentir triste.
Daniela pontua que os principais sinais do baby blues são insônia, choro fácil, sensação de fragilidade, a irritabilidade, a falta de energia, de confiança, medos, tristeza, as mudanças de humor. “É é preciso ficar atento caso esses sinais venham crescendo, venham aumentando e passem dessas duas semanas. Se a mãe está no seu primeiro mês com o bebê e ela ainda está sentindo muito esses sinais e eles estão aumentando é preciso ficar atento porque pode ser uma depressão pós-parto. O baby blues é diferente, é uma fase normal de adaptação da mulher e que vai passar. A depressão pós-parto não, ela é diferente”, alertou a profissional.
Rede de apoio
“E por não se tratar de uma doença, mas sim de uma fase, de um período de adaptação, não existe um medicamento específico pra isso. O que vai ajudar essa mãe a se adaptar, a lidar com as oscilações de humor durante os primeiros dias é a rede de apoio. Nós sabemos que durante a gestação as pessoas estão ao redor dessa mãe aquecendo a barriga dela, falando desse bebezinho, mimando essa mãe e é muito importante que com a chegada do bebê ela continue com pessoas da sua confiança ao seu lado pra dar esse suporte. Seja lavando uma louça, seja organizando a casa, seja indo lavar uma roupinha, ajudando a preparar algo pra essa mãe se alimentar, cuidando do bebê pra que ela possa tomar o seu banho ou descansar”, disse a psicóloga.
Ela destaca ainda a importância do acolhimento a puérpera como forma também de ir aliviando os sinais do baby blues e para que aos poucos a mãe possa ir sentindo confiante. “(…) e ir entendendo que ela pode sim cuidar desse bebê. Que é normal sentir esse medo, essa fragilidade no início mas que ela vai se adaptar sim”, explicou.
“É importante a gente lembrar que essa mãe precisa ser ouvida, precisa falar das suas vontades, quem ela quer ao seu lado, a partir de que momento ela quer receber as visitas porque ela precisa primeiro reconhecer essa nova fase, conseguir lidar com esse bebezinho que depende tanto dela para daí sim ir acolhendo outras pessoas para estar ali na sua rotina”, acrescentou Daniela.
Ela lembrou ainda que os primeiros dias após o nascimento do bebê são um período em que mãe e filho vão se conhecendo de fato. “Ela vai se construir como mãe e esse bebê vai se construir como filho. Então é uma construção em conjunto”, disse a profissional.
Texto: Bruna Camargo
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