Psicóloga comenta sobre doenças mentais: depressão, ansiedade e burnout

Psicóloga comenta sobre doenças mentais: depressão, ansiedade e burnout

Publicado em: 8 set, 2022 às 8:59

Em entrevista ao Noticiário P7 desta quinta-feira (08), a respeito das campanhas relacionadas ao Setembro Amarelo, a psicóloga Maria Selena Wendler abordou o tema doenças mentais: depressão, ansiedade e burnout.

As entrevistas produzidas pelo Jornalismo da Ipiranga FM irão ao ar às quintas-feiras a partir das 11h20 e podem ser conferidas através do Facebook da Ipiranga FM.

A psicóloga iniciou explicando que embora a depressão esteja por trás de grande parte dos casos de suicídio ou de tentativas, ela não é o único transtorno mental que gera esse fator de risco. Alguns outros transtornos também apresentam risco altíssimo, como: transtorno bipolar, transtornos psicóticos (como a esquizofrenia), transtorno de personalidade borderline, transtorno por uso de substância e casos mais graves de transtornos de ansiedade. “Então, de modo geral, todos os transtornos levam a um sofrimento mental significativo, cada qual de uma forma específica, seja por uma instabilidade de humor, por um sentimento de culpa, vazio, desesperança ou raiva (…) e isso tudo pode ser tão intenso, a ponto de levar o indivíduo a crer que não há outra alternativa, senão o suicídio. Além de outros fatores que o psicólogo sempre busca se atentar: variáveis culturais, religiosas, sociais, econômicas e próprias do indivíduo também, como, por exemplo pessoas que tem um temperamento mais impulsivo ou que na sua história de vida não desenvolveram as habilidades necessárias para lidar com problemas, situações de sofrimento intenso, entre outras coisas que podem gerar desconforto”, disse Maria Selena.

Ela destaca que especificamente a depressão pode levar uma pessoa a querer tirar a própria vida. “Nas estatísticas, a depressão é o principal transtorno mental relacionado ao suicídio e às tentativas também. Antes de falar dos sintomas, vale ressaltar que não existe um único tipo de depressão, o DSM-V – que é o manual de diagnóstico para transtornos mentais – classifica alguns tipos de transtornos depressivos, que vão se distinguir de acordo com os sintomas”, explicou.

Segundo ela vários sintomas de depressão podem estar vinculados à tentativas de suicídio, como:
desânimo e falta de energia (a pessoa sente um cansaço frequente, não consegue
fazer atividades básicas como escovar os dentes, tomar banho, etc.)
desesperança
sentimento de vazio ou tristeza profunda
diminuição do prazer em atividades que antes eram prazerosas (muitas pessoas
dizem que se sentem anestesiadas, vivendo no piloto automático) e isso está ligado ao
isolamento social – se afastar das pessoas
mudanças no sono (dormir muito ou pouco), no peso e no apetite

pensamentos de morte e ideação suicida (quando a pessoa começa a planejar,
pensar na própria morte, dizer frases como “eu quero sumir”, “nada que eu fizer vai
me ajudar a melhorar”, “minha vida não é tão importante assim”)
sentimento de culpa, autocobrança e autocrítica intensos – é uma pessoa que tende
a se considerar culpada por muitas coisas que não tem de fato a culpa ou não tem
controle, ou se cobra por não conseguir sair daquilo sozinha e pode se culpar mais
ainda por estar “incomodando outras pessoas”.

Maria Selena explicou também que a Síndrome de Burnout é considerada uma doença relacionada especificamente ao trabalho. E muitos especialistas colocam que ela abrange em si tanto sintomas depressivos quanto ansiosos. “Para ficar mais claro, essa síndrome se apresenta quando há uma cronificação do estresse. Fazendo uma analogia para facilitar o entendimento, quando você está estressado é como um computador que está num alto nível de desempenho e quando esse computador não volta a um nível básico, ele pode começar a travar ou superaquecer, certo? Então, como estresse é a mesma coisa, eu preciso voltar ao meu nível basal, porque se o estresse permanece por muito tempo, vários sintomas físicos começam aparecer, além da exaustão emocional, como falta de energia, problemas gastrintestinais e aumento das chances de AVC e infarto.A principal causa é o excesso de trabalho ou aquele trabalho que é desempenhado sob pressão constante. E ela é mais comum em algumas profissões, como: professores,médicos, enfermeiros, policiais etc”, exemplicou.

De acordo com a profissional, o burnout tem 3 características marcantes e que vão afetar vários aspectos da vida
daquela pessoa:
1. exaustão emocional – a pessoa vê seus recursos emocionais se esgotarem por ter
contato diariamente com o problema – e aí, muitas vezes, além do tratamento, isso
só vai se resolver se a pessoa se afastar por um tempo ou trocar de ambiente ou de
função.

2. despersonalização – em muitos casos, a pessoa começa a tratar os colegas e
pessoas próximas com cinismo (desprezando), com agressividade ou como objetos.

3. baixa realização profissional – não vê mais sentido no trabalho, se avalia de forma
negativa, sente-se insatisfeito com seu trabalho e desempenho.

Texto: Andrea Borges
Foto: Pixabay