Dia do Imigrante, historiador palmeirense destaca a formação étnica ao longo de dois séculos
Neste sábado, comemora-se o Dia do Imigrante. O imigrante por si só, é o indivíduo que se muda do seu pais de nascimento. Em nosso município, diversas etnias se estabeleceram ao longo dos mais de 200 anos.
O Historiador palmeirense, Paulo Henrique Taufer, Assessor de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal destaca primeiramente que fatores favoreceram a chegada de imigrantes em nosso município. “Era o inicio do fim do período escravocrata no Brasil, então a mão de obra negra escravizada estava se encerrando, e em seu lugar, o governo brasileiro, no caso a coroa Brasileira, ainda era o governo de Dom Pedro II, ansiava pelo quê? pela criação de empregos assalariados, de colonos assalariados que viriam da Europa e porquê da Europa e não empregar simplesmente os próprios negros escravizados? Porque havia também uns um anseio pelo branqueamento da região e da população, havia então uma essa vontade, uma tentativa de que branqueando traria um progresso maior. Era essa a ideia, uma ideia um tanto quanto racista (…)”, comentou o historiador.
O historiador destaca que os primeiros imigrantes a se instalar em terras palmeirenses, foram os russo alemães, que trazem consigo duas características marcantes, no transporte de cargas e na culinária. “Lá em 1878, a gente vai ter a primeira leva de imigrantes chegando, que vão ser os imigrantes russos alemães. Então eram povos, colonos viviam no centro da Europa, seria importante povos germânicos, que vão viver na Rússia no primeiro momento, nas margens do Rio Volga, por isso, também alemães do volga, russo alemães e a partir dali, do fim do século XIX, acabam migrando para o Brasil, se instalando em regiões como do quero-quero, do pulgas, de Benfica, Lago. Alguns sobrenomes de famílias que são comuns até hoje, que são de origem russo alemã. O que eles vão trazer para a região aqui do Paraná, que vai ficar muito marcado são os carroções, é um meio de transporte, então, as viagens de carroções, tem todo um ciclo econômico que é muito abastecido, é movido pelos carroções. Na nossa culinária diversos pratos características de russo alemães como o ponto bafo, que é um patrimônio cultural imaterial de Palmeira, então é um prato de origem russa que é trazido pelas famílias dos alemães”, explicou.
Logo em seguida aos russo alemães, foi a vez dos Poloneses e Italianos desembarcarem em nosso município. Como características, os poloneses se destacam pelo conhecimento no trabalho agrícola, já os italianos, participam de um fato histórico a nível mundial. “Então, ali em 1890, a gente vai ter os poloneses, italianos chegando por volta de 1889, 1890, na região de Santa Bárbara, Santa Quitéria, Cantagalo, Água Clara, Faxinais, Pinheiral, chegando também para serem colonos. No caso dos italianos, eles vão fundar a colônia Cecília, que é um dos fatos mais marcantes da história do Palmeira, que foi uma experiência motivada por imigrantes europeus, no caso italianos. Importante também dizer que muitos dos membros dos participantes não eram trabalhadores rurais de fato, na Itália não eram colonos, eles eram já funcionários, trabalhadores de fábrica, ou até com ocupações já mais liberais, ocupações urbanas. Então a gente está falando de escritores e jornalistas, de professores, então características bem diferentes do que os poloneses, do que os alemães anteriormente tinham, então já é um elemento a mais aí para a gente pensar na composição da nossa cidade, na história da nossa cidade”, contou Paulo.
A imigração continua ao longo das décadas e ainda no século 20, Palmeira ainda recebe imigrantes, desta vez, quem chega ao município são os árabes, que entre outros fatos, vai estar presente na política e na arquitetura. O historiador destaca ainda as imigrações japonesas e de Witmarsum, que acontecem mais recentemente ainda no século passado, e outras etnias que estão presentes em Palmeira, porém em menor número. “Também tivemos em Palmeira, imigração japonesa, então levas de imigrantes japoneses chegam em Palmeira também. Além dos alemães de Witmarsum, no caso, esses aí seriam alemães do centro da Europa os menonitas. Já no século 20, depois da revolução russa, acabam sendo forçadas a imigrar para as Américas, alguns escolhem o Brasil e alguns desses optam por fundar uma cidade chamada Witmarsum em Santa Catarina e alguns desses, acabam também estão vindo para a região do Paraná, para o estado do Paraná e fundando Witmarsum (…)”, explicou.
Cada imigrante trás consigo uma história, costume, cultura, entre outras características, Taufer destaca o resultado atual de nossa população, fruto desse sincretismo étnico-cultural. “Enfim, a gente vai perceber na nossa cidade nos modos de falar, o descendente de polonês fala de uma maneira diferente do descendente de italiano, que fala de uma maneira diferente do descendente de árabe e assim por diante. A religiosidade é vai ser uma manifestação muito, muito característica, então é, apesar da grande maioria ser cristã e da maioria ser católica, você vai ver ritos totalmente diferentes, por exemplo, na Igreja Matriz, com os portugueses é muito diferente a forma de cultos dos italianos. É um sincretismo cultural um vai aprendendo com o outro as suas formas de de viver, suas formas de agir, suas formas de falar, suas formas de rezar, na culinária muitos pratos típicos de origens diversas desde o pão de bafo como também vinhos, queijos, gengibirra (…)”, finalizou.
Texto: Andrea Borges e Rinaldo Agottani
Foto: Memorial da Colônia Cecília no Sítio Minguinho
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