Dia do Índio: historiador palmeirense comenta sobre histórico da cultura indígena no Município

Dia do Índio: historiador palmeirense comenta sobre histórico da cultura indígena no Município

Publicado em: 19 abr, 2022 às 10:47

Nesta terça-feira (19) celebra-se tanto no Brasil como em vários outros países do continente americano o Dia do Índio ou o Dia dos Povos Indígenas.
O Historiador Paulo Taufer falou sobre os índios Kaingang que habitaram em Palmeira, sendo encontrados no acervo arqueológico no interior do município. “Quando a gente fala de acervo presente no nosso museu, nós estamos falando basicamente o acervo referente à cultura Kaingang, portanto  uma cultura pré-histórica, que é uma cultura que ainda não tinha uma língua propriamente escrita mas que em certo momento acabou se deparando e convivendo com a linguagem escrita dos portugueses, os portugueses e espanhóis quando chegam aqui na América para iniciar a colonização, inclusive existe todo o debate se ou foi uma colonização portuguesa ou se foi uma guerra de invasão, afinal de contas a gente está falando aí do caso do povo português, da coroa portuguesa enviando pessoas, enviando tropas para fins militares de ocupação de invasão no território que já estava sendo habitado por esses povos Kaingang esses povos originários aqui da região“, explicou
Segundo Paulo, o próprio termo Kaingang é entendido como um termo ‘guarda-chuva’ para poder designar uma enormidade de povos e de aldeias, agrupamentos humanos que viviam na região que sentiam similaridades, tinham aproximações culturais sobretudo linguísticas  muito próximas mas que não necessariamente faziam parte da mesma aldeia ou respondiam ao mesmo governo central. “Isso não existia na  cultura Kaingang, inclusive isso vai ser um fator que vai poder trabalhar contra esses povos indígenas durante essas guerras de invasão, afinal de contas pela falta de união não havia uma unidade indígena aqui, então a gente está falando de uma situação que facilitou exatamente o controle da dominação, enfim do território pelos portugueses, inclusive muitas vezes com os portugueses conseguindo fomentar guerras entre as próprias aldeias Kaingang“, comentou
Paulo contou que os Kaingangs foram praticamente expulsos de nossa cidade ainda no século 18 e 19, algumas populações esparsas ficaram ainda pela região. “Hoje eles estão espalhados, inclusive existem Kaigangs na Argentina, por todo o Paraná, em São Paulo, em Santa Catarina são a maior nação indígena do Brasil, a gente tá falando de pelo menos trinta mil pessoas que se identificam diretamente como Kaigangs, é a maior nação mesmo com todo o espalhamento desses povos, enfim por diversas aldeias e por diversas reservas indígenas”, disse Paulo
Em relação ao museu histórico de Palmeira, o historiador comenta que o acervo arqueológico remete aos séculos 17 ou 18. “Provavelmente a produção desses objetos remete aos séculos 17 e 18 e foram encontrados em Faxinal dos Quartins, Santa Bárbara, Pinheiral de Baixo o que demonstra  a ocupação desses povos, provavelmente em outras regiões de Palmeira também houve a ocupação bastante grande, bastante vasta e que infelizmente por conta de toda a questão histórica que também vai ser comum em todo o Brasil, o contato extremamente traumático entre portugueses e indígenas, a gente está falando realmente de combate, de guerra, infelizmente boa parte  dessa população e da sua cultura foi apagada”, finalizou.

Texto: Andrea Borges
Fotos tiradas por Elder Scolimoski em 07-11-2017