Safra de tabaco movimenta economia de Palmeira

Safra de tabaco movimenta economia de Palmeira

Publicado em: 19 dez, 2021 às 12:00

A safra 2021/2022 da cultura do fumo está vivendo o momento de colheita. Informações da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) mostram que mais de 146.430 famílias produziram nos três estados do sul um total de 633.021 toneladas de tabaco. A área plantada na última safra em hectares chegou a mais de 290 mil.
As médias de produção por hectare destacam Santa Catarina com melhor desempenho; foram 2.420 kg por hectare produzidos. No Paraná a média foi de 2.336 kg por hectare. O Rio Grande do Sul teve média menor de produção com 1.847 kg por hectare.
Dados sobre o município disponibilizados pelo Departamento de Economia Rural (Deral) mostram que em Palmeira a safra passada resultou em 9.568 toneladas de Tabaco, produzidos em 1.174 estufas e propriedade de 1.169 famílias. A área plantada com a cultura no município foi de 4054 hectares plantados.
Fonte de renda determinante em grande parte das propriedades rurais de Palmeira e região, bem como em todo o sul do país, o Tabaco tornou-se ao longo das últimas décadas, uma das principais culturas agrícolas para as pequenas propriedades.
O produtor Anderson José Sviech da localidade de Poço Grande, contou a Ipiranga FM que a cultura é tradicional em sua família. “Sobre o tempo que trabalho com a fumicultura, posso dizer que é uma herança familiar. Quando a fumicultura iniciou aqui em nosso município, por volta da década de 70, meu avô iniciou nesta atividade, onde ele trabalhava com toda a sua família, e meu pai trabalhava junto com meu avô. com os irmãos deles era uma família numerosa, o casal e mais dez filhos  e todos trabalhavam juntos, trabalhavam unidos. passou um tempo meu pai casou-se, formou a família dele, também começou a trabalhar na sua propriedade também com a fumicultura no ano de 1991 e continua trabalhando na fumicultura, continua na ativa até hoje e eu aprendi com ele. Desde adolescente já ajudava meu pai no trabalho de fumicultura, claro que nos trabalhos que a gente tinha condições de ajudar, trabalhos mais leves, com isso também aprendi a trabalhar na cultura. A partir do ano de 2000 montei minha primeira estufa ainda na propriedade de meu pai, onde trabalhávamos juntos com meu pai, e meus dois irmãos.  Em 2005 eu casei, saí de casa, mudei para minha propriedade e junto com minha esposa começamos a trabalhar nesta propriedade onde estamos até hoje”, contou ele.

Mão de obra
Sviech relata que o fumo demanda uma grande mão de obra e explica de que forma os agricultores procedem para minimizar os custos.  “O tabaco é uma cultura que demanda bastante mão de obra para que seja realizada a sua plantação. Em uma propriedade familiar de área pequena, praticamente toda a mão de obra é feita pelos membros da família. Até porque se for contratar toda a mão de obra de terceiros, a lucratividade acaba caindo lá em baixo, não dando retorno que o agricultor espera e precisa retirar daquela área. Basicamente as famílias trabalham se ajudando entre si, marido e esposa, pais e filhos, irmãos sempre ajudam o outro. Sempre tem aquela questão do pessoal que trabalha trocando os dias, entre famílias que moram próximas e que plantam quantidades parecidas. Ao invés de você gastar aquele dinheiro e pagar uma mão de obra terceirizada, um dia as pessoas se reúnem e colhem na propriedade de um produtor e no outro dia, vão e fazem o mesmo trabalho na propriedade do outro. Com isto acaba evitando-se o gasto com mão de obra terceirizada, não só na colheita, mas também em outras etapas da cultura, porém é mais comum acontecer isso na fase da colheita, devido a grande demanda de mão de obra que exige nesta fase da cultura”, explicou o agricultor.

Diversificação
O agricultor comenta sobre as dificuldades encontradas para a diversificação das culturas em pequenas propriedades. “Sempre que possível a gente procura diversificar a nossa renda com outras culturas além da fumicultura porém, uma dificuldade grande que a gente encontra é que não existem áreas disponíveis para se trabalhar com outras culturas agrícolas, visto que para se produzir soja, demanda uma área maior, a rentabilidade por hectare, por alqueire é bem menor que a do fumo, e para que você tenha uma renda para sustentar sua família precisam-se de muitos hectares, então a gente acaba utilizando a própria área do tabaco na hora do inverno fazendo uma safrinha e alguma pedaço de chão que sobra a gente planta um pouco de soja um pouco de milho e  feijão”, relatou.

Escolha
Quem também produz tabaco é Hélio Mika. A exemplo da maioria dos produtores, o morador de Boa Vista também utiliza de mão de obra familiar, com trocas de dias e parcerias. Hélio explica porque da escolha da cultura do tabaco em sua propriedade. “Nós escolhemos a planta do fumo, porque na realidade nós temos pouca área de terra, então na realidade o fumo é uma renda a mais em pouca área de terra, é certo que dá bastante serviço, mas tira um lucro a mais. Porque na realidade temos pouca área para plantar soja e milho então o fumo nas pequenas propriedades ainda é o essencial. Como o custo está muito elevado de insumos e maquinário e com o retorno financeiro que nós dá o fumo, é que conseguimos manter as contas em dia, pagar as prestações e a propriedade e organizar para ter mais lucro na propriedade”, explicou Mika.

Afubra
Um dos pontos que fogem do controle do produtor são as condições climáticas. Nesta época de safra quando a planta está pronta para ser colhida, o produtor agiliza seu processo de colheita, porém não está livre de uma ação climática desastrosa.
Como o mês de dezembro é passível de chuvas fortes e temporais, o risco de granizo e perdas na lavoura aumentam significativamente.
Uma das alternativas é o seguro da lavoura que é oferecido pela Associação de Fumicultores do Brasil (Afubra)
O tesoureiro da entidade Marcilio Drescher, destaca sobre a importância de uma lavoura assegurada. “A importância da mutualidade que dá o seguro mútuo da Afubra para o produtor de tabaco é muito importante. Basta dizer que em torno de 80% dos produtores de tabaco, por livre  opção aderem e se inscrevem neste sistema mútuo que é o seguro. Consequentemente quando o produtor perde a sua safra, parcial ou total, ele sente esta diferença de uma cultura que tem esta segurança, ao contrário de outras tantas que tem seguro precário, ou muitas vezes não tem. É de suma importância que o produtor tenha esta diferença na segurança do seu tabaco, até porque é uma cultura muito importante economicamente e quando se perde tudo, praticamente se perde toda uma renda importante, que e é muitas vezes é a renda principal de sua propriedade”, pontuou Drescher.

Expectativa
O profissional também falou sobre a expectativa da comercialização da safra e da negociação que inicia na próxima semana. “Estamos também numa expectativa muito grande para negociação para a tabela do preço do tabaco que estará ocorrendo nesta semana, nos dias 20 e 21 com oito empresas agendadas. Desta vez, esperamos chegar a um consenso  de preço realmente justo, porque o levantamento do custo de produção desta vez foi em conjunto, por exigência da Comissão da Representação dos  Produtores, consequentemente um custo levantado idoneamente, não deve ter divergências, para então partir daí, para um patamar de reajuste de tabela. Esperamos no mínimo repor o custo de produção na tabela anterior, para que o produtor tenha uma remuneração  justa e coerente na comercialização nesta safra 2021/22. Esperamos ter este êxito para o bem de todos os produtores de tabaco. Caso contrário, estaremos defasando  mais uma vez a tabela, o que já ocorreu em safras anteriores, e isso já não é mais admissível. Portanto a expectativa é de que sejam valorizados os produtores  e seja valorizado o seu produto que é o tabaco”, detalhou o tesoureiro da Afubra.

Texto: Rinaldo Agottani
Foto: Hélio Mika