Noticiário P7 2ª Edição destaca o papel da mulher na linha de frente contra Covid-19

Noticiário P7 2ª Edição destaca o papel da mulher na linha de frente contra Covid-19

Publicado em: 9 mar, 2021 às 15:12

De acordo com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), as mulheres representam 65% dos mais de seis milhões de profissionais atuantes no setor público e privado de saúde, na luta contra Covid-19.
Em outras palavras, elas são maioria na linha de frente nesta pandemia. E por de trás de uniformes, crachás, equipamentos de proteção e as tão conhecidas máscaras, cada uma dessas mulheres carrega consigo uma história, lições, momentos de coragem, força, perseverança, medo e também cansaço.
E como forma de homenagear essas profissionais, especificamente as que trabalham em Palmeira, o Noticiário P7 2ª Edição recebeu nesta segunda-feira (08) Ângela Haas Dias da Vigilância Sanitária e membro da sala situacional da Covid-19.
Segundo dados da Prefeitura Municipal de Palmeira, são 203 mulheres que atuam na área da saúde no município.
Formada em Engenharia de Alimentos desde 2006, Ângela contou que trabalha na Vigilância Sanitária em Palmeira desde 2013. “Agora em abril faz oito anos que estou na Prefeitura”, contou.
Natural e residente em Ponta Grossa, o trajeto na PR 151 entre as duas cidades, há anos faz parte de sua rotina.

Pandemia
Ao falar sobre a Covid-19, a profissional confessou que assim como tantas outras pessoas, foi difícil imaginar que a pandemia iria perdurar por meses e inclusive atingir o ápice em muitas regiões, como é o caso de Palmeira. “A minha idade ainda não acompanhou nenhuma outra pandemia. Acompanhou a H1N1, que realmente foi algo que passou rápido, ninguém usou máscara… Eu achava realmente quando eles falavam em retorno das aulas em setembro, eu achava que não, que voltaria antes. Aí quando chegou setembro e eu vou que não voltou, passei a acreditar que ia demorar um pouco mais que eu imaginava”, disse ela.
Ao responder se em algum momento ao longo desse um ano de pandemia sentiu medo, Ângela não hesita em falar: “Eu acho que estou sentindo medo. Eu não tinha sentindo medo ainda e estou sentindo medo agora. Estamos vivendo uma situação bem crítica no município e no Paraná como um todo. Ponta Grossa já esteve em situação muito pior, mas me vejo muito mais uma cidadã palmeirense nesse momento do que pontagrossense. Então é agora que estou sentindo medo, quando chegou mesmo avassalador aqui em Palmeira”, contou.
Sobre a preocupação em contrair a doença e até mesmo ‘levar o vírus’ para casa, Ângela lembrou de fatores de risco da família.  “Meus filhos ficam com a minha mãe, que cuida do pai dela que tem 93 anos. Então tenho um idoso, meus pais têm acima de 60 anos, meu filho é portador de doença autoimune. Então realmente esse medo de levar para casa (o vírus) é muito grande”, admitiu.
Outros desafios do trabalho também foram lembrados pela profissional. “Às vezes as pessoas só nos veem como papel de fiscais. Como se estivéssemos querendo fechar o comércio, destruir a economia e destruir a vida das pessoas. E não é assim. Também temos todo esse medo, também temos que levar a comida para casa. ‘Ah, mas você é funcionária pública’, como eu digo: O emprego está garantido, o nosso salário nunca vai estar garantido, como já aconteceu outras vezes, não digo aqui no município, mas de funcionários públicos ficarem sem receber”, destacou ela.
O impacto da lotação nos hospitais foi comentada por Ângela durante a entrevista. “O meu avô passou muito mal há duas semanas. Não tinha nada relacionado à covid e ele demorou mais de 12 horas para ser internado porque não tinha leito pagando particular porque meu avô é aposentado e tem a ‘reservinha’ dele. Então isso para mim foi bem difícil, foi a hora que me deu medo e eu pensei: Se eu precisar por qualquer outro motivo, o sistema de saúde realmente está em colapso, não vai fazer diferença ter dinheiro ou não ter dinheiro”, pontuou a profissional.
A servidora fez questão homenagear as colegas de trabalho e mulheres de Palmeira. “Fui convidada (para entrevista) para representar todas vocês mulheres, especialmente o pessoal da saúde. Quero mandar um parabéns grande e enorme para as meninas da central Covid, para meninas da Vigilância Sanitária, para gestão da Secretaria em Saúde também que a maioria são mulheres e para todas profissionais da saúde em especial do município de Palmeira e as mulheres palmeirenses”, disse ela.

Foto e texto: Bruna Camargo