Produtora relata rotina da pecuária leiteira e destaca o amor pelo trabalho
Esta entrevista é sobre a valorização das atividades no campo, como a produção de leite, mas, além disso, é uma lição sobre amar o que faz. Sobre colocar comprometimento e paixão no caminho que escolheu trilhar.
A produção de leite é fonte de renda para muitas famílias em Palmeira, assim como a de Michele Ruppel, moradora da localidade de Guaraúna de Tocas. Há cerca de 17 anos ela e a família (o marido, dois filhos, de 22 e 15 anos algumas vezes com o auxílio do pai) trabalham neste segmento. “Muita gente reclama que não é gratificante, que é muito sofrido. E na verdade um pouco é, porque você tem que levantar bem cedo, deitar tarde, às vezes olhar um animal que tá precisando de madrugada. Então a rotina não para, praticamente 24 horas por dia, sem feriado, sem sábado, sem domingo, sem folga. Tem pessoas que ainda tem alguém para cuidar, mas nós que somos só a família, não é fácil”, destaca Michele ao falar sobre a rotina de trabalho.
A produtora conta que atualmente são 800 litros de leite produzidos diariamente em sua propriedade. Sobre a comercialização, ela explicou que o produto é repassado através da Cooperativa. “Entregamos leite para Bom Jesus, mas ela é responsável só pela captação e então eles levam para Frísia”, disse ela.
Michele lembrou que chegou a vir para área urbana e cursou o Magistério, pois tinha como sonho lecionar. Mas a vontade de permanecer no campo fez os planos mudarem. “Eu acho que é um lugar tranquilo de se viver, você consegue viver bem e têm vários outros fatores, por exemplo; eu posso fazer o trabalho, eu como mulher posso fazer o trabalho de ir lá e ordenhar as vacas. Por mais que eu tenha que levantar muito cedo ou não tenha férias, eu mando no meu negócio. O pagamento mensal também é uma coisa atrativa do leite”, relatou ela ao falar sobre o que a motivou trabalhar com a produção de leite.
A produtora também relatou que em alguns períodos teve que interromper o trabalho neste ramo, mas que sua vontade é seguir com a leiteria. Ao abordar o assunto, Michele mesmo sem perceber dá uma verdadeira aula sobre a importância de amar o faz. “Agora faz dois anos que eu comecei de novo a todo vapor e não pretendo parar nunca mais. E assim, tem que gostar. E na verdade não é só gostar, tem que amar o que faz. Meu filho diz ‘como gostar?’ Aí eu digo assim; você tem que ser capaz de fazer aquele trabalho sem receber, assim você vai saber se você gosta ou você não gosta”, disse ela.
A relevância de sempre estar pesquisando, lendo, participando de cursos e atividades de formação também foram lembrados por Michele como essenciais para esta atividade pecuária. Além da produção de leite, sua família trabalha com lavoura de soja, plantação de feijão e milho.
Segundo ela, atualmente são 35 animais em produção e em sua propriedade o leite é produzido a pasto. Michele também relata que esta ainda não a renda predominante para sua família. “Não é tanto o principal, mas está quase chegando a ser”, contou a produtora.
O amor pela vida no campo e o trabalho com a agricultora e pecuária também é motivo de orgulho para a produtora. “É muito gratificante, porque além de você estar produzindo um alimento e vários derivados que a indústria faz com o leite em questão, é o amor, os animais”, destacou.
Texto e foto: Bruna Camargo