Comprometimento e paixão pela farda: A vivência das Policiais Militares em Palmeira

Comprometimento e paixão pela farda: A vivência das Policiais Militares em Palmeira

Publicado em: 5 jul, 2020 às 12:28

A presença de mulheres na Polícia Militar é muito mais do que a quebra de paradigmas. Significa que elas têm ocupado cada vez mais seu espaço, significa autonomia para fazer suas escolhas. Neste caso, escolher a Polícia Militar como profissão e propósito de vida.
Em Palmeira algumas mulheres atuam como Policiais na 3ª Companhia 28º Batalhão da Polícia Militar, entre elas a Soldados Alessandra Breda Mol, Andressa Rozelaine Ucoski Siquinelli e Camila Marcovicz. Através da trajetória delas, é possível identificar algo em comum em toda corporação: Comprometimento, admiração e a paixão pela farda.
Alessandra entrou na corporação em 2006, com isso são 14 anos dedicados à Polícia Militar. Ela atualmente executa suas atividades em home office por conta da gravidez, como forma de prevenção à pandemia da Covid-19. Camila que é PM há quatro anos, começou a integrar 3ª Cia neste ano. “Faço parte da Patrulha Escolar, mas atualmente estou atuando no serviço administrativo”, contou a Soldado.
Andressa prestou o concurso em 2009, fez a Escola de Soldado em 2012 e está oito anos na Polícia Militar. “No meu caso eu estudei em casa mesmo. Comprei uma apostila e dedicava umas duas horas do meu dia para estudar para o concurso”, contou ela sobre a preparação para ingressar na Polícia Militar.
Camila destacou a complexidade da parte física para a maioria das mulheres. “Além da parte didática que precisamos exercer no dia da prova, precisamos também exercer o teste físico, que para algumas das mulheres é a parte mais difícil da prova. Tivemos que passar por um treinamento bem intenso para conseguir cumprir o tempo certinho dos exercícios que pedem no concurso”, disse a Policial.
Alessandra também comentou sobre esta dificuldade. “Parte mais difícil foi a parte física mesmo. Eu saí de um concurso técnico então a parte didática já estava mais empenhada. O que foi preciso me empenhar mais foi a parte física, questão de praticar os exercícios certos para conseguir passar”, relatou ela.
Durante entrevista para Noticiário P7 2ª Edição, a Soldado também contou que a primeira turma de policiais femininas no Paraná foi em 1977.
Ao falar sobre os desafios da profissão Marcovicz comentou sobre a conquista pelo espaço. “É um ambiente extremamente masculino, porque a corporação é composta na maior parte por homens, as policiais femininas são uma minoria, então é uma batalha todo dia para conseguirmos conquistar nosso espaço dentro da corporação”, disse ela.

Motivação
Quando contou sobre a motivação para ingressar na PM, a Soldado Ucoski destacou como ao longo da carreira tem se identificado com a profissão. “Na época meu marido era Policial Militar, quando saiu o concurso de 2009, então ele me incentivou a prestar o concurso. Lá na Escola já me apaixonei e identifiquei e hoje em dia não me vejo em outra área que não seja sendo Policial Militar, me identifiquei muito com a profissão mesmo”, contou a PM.
Para Camila entrar na Corporação foi a realização de um sonho e uma inspiração. “Sempre foi uma inspiração fazer parte deste ambiente militar. Foi um sonho realizado e a cada conquista que tivemos até na Escola Preparatória de Soldados, é um período bem intenso onde temos que estudar bastante e passar por muitas provas e cada prova, cada etapa vencida é um sucesso”, lembrou a Soldado.
A admiração foi outro ponto comentado por Alessandra. “No começo foi admiração pela farda policial e acredito que não só eu e as meninas, somos movidas a desafio, então quando entramos, como a Camila mesmo comentou, o Curso Preparatório é bem intenso, então é um desafio para nós”, disse a PM.

Ocorrências marcantes
Durante a participação delas no programa, um dos assuntos comentados foram sobre situações marcantes ao longo da carreira. “Todos nós policiais militares agimos com profissionalismo em cada situação, em cada ocorrência. Só que como somos seres humanos, é impossível não se comover e não acabar absorvendo algumas situações, principalmente, acredito que a maioria pense assim, quando envolve crianças e pessoas idosas, acabamos nos comovendo”, pontuou Andressa.
A violência doméstica sofrida por inúmeras mulheres foi lembrada pelas policiais. “Acredito que as situações que mais me marcaram foram as situações envolvendo mulheres, porque acabamos nos colocando no lugar. Hoje fala-se muito em empoderamento feminino, da voz da mulher e acabamos atendendo muitas situações de violência doméstica”, são situações que mexem com a gente porque nos colocamos um pouco no lugar daquela pessoa que está passando por aquilo. Mas claro, sempre atuando de forma profissional, fazemos os procedimentos cabíveis sem interferir esse lado emocional, mas acaba mexendo”, elucidou Camila.
Alessandra também destacou como essas ocorrências são marcantes. “Acho que todas as situações envolvendo crianças, acredito que afeta bastante as pessoas, e como a Camila falou, envolvendo as mulheres, tem várias situações que nos deparamos e atuamos porque temos que atuar, mas aí a hora que chega em casa e dá aquela parada, você reflete e parece que volta o sentimento”, disse ela.
A Soldado falou sobre a relação das policiais com as mulheres atendidas. “Geralmente ocorrem situações de violência doméstica e quando você vai atender, às vezes a mulher vem falar para policial feminina, elas se sentem mais à vontade de conversar com as policiais”, contou Alessandra.

Admiração
Companheirismo. Este foi um dos pontos citados ao comentar sobre a admiração pela Polícia Militar.  “Na minha opinião assim é primeiramente o companheirismo entre os policiais, porque formamos uma família. Ali é nossa segunda casa, formamos uma família mesmo. Brigamos um pelo outro, se doamos um pelo outro. A parte que mais admiro é esta, que somos irmãos de farda mesmo”, disse Soldado Ukoski.
A relação com a sociedade foi mencionada por Camila como uma inspiração. “Acho que além dessa união também o papel que temos com a sociedade, de ter o poder de acabar inibindo algum crime ou algum fato que está ocorrendo e poder intervir pela população. Acho que essa é uma parte que nos inspira bastante na profissão”, explicou ela.
Para Alessandra, o agradecimento por parte da população é também um reconhecimento pela profissão escolhida. “Acredito que todas as situações que atendemos gera uma admiração. Principalmente quando as pessoas vem agradecer a equipe pela atuação ou vão até a sede da companhia agradecer”, contou a Soldado.

Texto: Bruna Camargo

Fotos: Arquivo Pessoal